Lecornu, no cargo por apenas 27 dias, deixou o cargo após tensões dentro da coalizão e críticas à composição de seu governo
O presidente francês, Emmanuel Macron, reconfirmou Sébastien Lecornu como primeiro-ministro, encerrando uma semana de caos político que começou com a renúncia surpresa do próprio Lecornu na última segunda-feira. O primeiro-ministro, de 39 anos, aceitou o cargo “por dever”, anunciando no X que fará “todo o possível para dotar a França de um orçamento até ao final do ano”.
Lecornu, no cargo há apenas 27 dias, deixou o cargo após tensões dentro da coligação e críticas à composição do seu governo. A sua renovada nomeação surge poucas horas antes do prazo de segunda-feira para a apresentação da lei orçamental, uma das prioridades indicadas por Macron. No entanto, a escolha de Macron provocou fortes reações por parte da oposição. O líder do Rassemblement National, Jordan Bardella, definiu “Lecornu II” como uma “desgraça democrática”, enquanto o Partido Socialista e os Verdes anunciaram a sua intenção de apresentar uma moção de censura se não houver uma mudança clara de direção.
O chefe do grupo socialista na Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês), Boris Vallaud, disse que Macron deve “assumir a responsabilidade” e indicar as reformas que está disposto a negociar. O presidente reuniu-se ontem com os líderes dos principais partidos, excluindo La France Insoumise e Rassemblement National, para procurar um terreno comum. Um conselheiro do Eliseu falou de um “caminho para o compromisso”, mas não foi capaz de indicar como Lecornu poderia ter sucesso onde outros falharam. Olivier Faure, líder dos socialistas, confirmou que “se não houver mudança de rumo”, o voto de desconfiança será imediato. Macron, cada vez mais isolado mesmo entre os seus aliados centristas, pretende agora consolidar o governo em torno do orçamento e manter a estabilidade, mas o risco de novas crises continua elevado.
