Sobre nós Menções legais Contato

Zelensky: “Plano de cessar-fogo elaborado em dez dias, mas são necessários mísseis para a paz”

O líder ucraniano disse que a única maneira de forçar Putin a negociar seriamente é fornecer à Ucrânia a capacidade de atacar alvos militares e energéticos dentro do território russo.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky declarou que um plano de cessar-fogo, proposto pela chamada “Coligação dos Dispostos”, será desenvolvido dentro de uma semana ou no máximo dez dias. Contudo, Zelensky expressou cepticismo quanto à possibilidade de o presidente russo Vladímir Putin você aceita isso. Em entrevista ao portal norte-americano “Axios”, Zelensky disse que o plano deverá ser “curto, com alguns pontos essenciais”, e confirmou que os trabalhos no documento já estão em curso. Na semana passada, o Primeiro-Ministro britânico Keir Starmer anunciou que a “Coligação dos Dispostos” está a finalizar um plano de paz para a Ucrânia a ser apresentado até ao final de 2025, destacando entre os principais objetivos a saída do petróleo e do gás russos dos mercados globais e a plena implementação de sanções. Zelensky reiterou que a cooperação entre os Estados Unidos e os parceiros europeus continua a ser essencial para acabar com a guerra e derrotar Putin.

O líder ucraniano disse que a única maneira de forçar Putin a negociar seriamente é dotar a Ucrânia com a capacidade de atacar alvos militares e energéticos dentro do território russo. Segundo Zelensky, mesmo sem o uso imediato dos mísseis de cruzeiro Tomahawk dos EUA, a mera possibilidade de utilizá-los representaria um impedimento eficaz. “Se Putin compreender que a recusa em negociar leva a ‘problemas com a infra-estrutura energética russa’, então concordará em negociar”, explicou o presidente ucraniano. Zelensky acrescentou que “não se trata apenas dos Tomahawks. Os Estados Unidos têm muitos outros sistemas semelhantes que não requerem longos períodos de treinamento. Acredito que a única maneira de lidar com Putin é através da pressão”. Zelensky afirmou ainda que as Forças Armadas russas perderam cerca de 346 mil soldados mortos e feridos desde o início de 2025. “Este número é quase idêntico ao de soldados mobilizados no mesmo período”, acrescentou.

As novas sanções às petrolíferas Lukoil e Rosneft impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump“eles farão a diferença” contra a Rússia, mas a Ucrânia ainda precisa de mísseis de longo alcance para forçar Putin a sentar-se à mesa de paz, reiterou Zelensky ao “Axios”. Segundo o líder ucraniano, “as sanções são uma das armas, mas também precisamos de mísseis de longo alcance. O presidente Trump teme uma escalada, mas se não houver negociações, haverá escalada de qualquer maneira. Se Putin não parar, devemos ter algo para o deter”, disse durante uma conversa telefónica de 35 minutos que teve lugar ontem, 26 de outubro. No passado dia 17 de outubro, o chefe de Estado ucraniano teve o seu pedido de fornecimento de mísseis de cruzeiro Tomahawk rejeitado por Trump durante uma reunião na Casa Branca, marcada por momentos de tensão. Nos dias seguintes, porém, o presidente dos EUA decidiu cancelar uma cimeira com Putin em Budapeste e impor sanções contra a Rússia pela primeira vez no seu segundo mandato.

Durante a reunião em Washington, Zelensky e Trump discutiram as linhas gerais de um possível acordo de paz. O Presidente ucraniano descreveu as conversações ao “Axios” como “construtivas mas não fáceis”, explicando que Trump “queria pressionar a Rússia, mas sem fechar a janela da diplomacia”. Nesta ocasião, Zelensky teria aceitado a ideia de usar a atual linha de frente como base para iniciar negociações, segundo proposta apresentada pelo próprio Trump. “Acho que nos entendemos”, explicou ele ao “Axios”. “O presidente Trump disse que precisamos congelar a situação atual e conversar uns com os outros.” Zelensky sublinhou que as medidas dos EUA contra as empresas petrolíferas poderiam reduzir as exportações russas de petróleo bruto em 50 por cento, com perdas de até 5 mil milhões de dólares por mês. Ele acrescentou que espera mais “sanções secundárias” e “medidas paralelas do Congresso”.

O presidente ucraniano também informou que a reação na Rússia foi “muito negativa”, com comentários agressivos do ex-presidente Dmitri Medvedev e “retórica antiamericana e anti-Trump” difundida pelos meios de comunicação estatais. Zelensky explicou que disse a Trump que a Ucrânia não pretendia utilizar imediatamente os mísseis de longo alcance solicitados: “Se Putin souber que não negociar significa arriscar problemas com a infra-estrutura energética da Rússia, então ele começará a falar”. O chefe de Estado de Kiev acrescentou que após a reunião com Trump, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, propôs desenvolver um plano de paz inspirado no plano dos EUA para Gaza. Zelensky discutiu a ideia com Starmer e outros líderes europeus, dizendo que o plano deveria ser “curto e concreto, com poucos pontos para um cessar-fogo”.

No entanto, ele disse estar cético quanto à disposição de Putin em aceitar tal proposta. Zelensky acabou por rejeitar as alegações de que a Rússia estava a avançar na frente, argumentando que “ninguém está a ganhar” e que as linhas estão essencialmente paralisadas há meses. Segundo a inteligência ucraniana, Putin prometeu aos seus aliados ocupar todo o Donbass até 15 de outubro, um objetivo não alcançado. Zelensky declarou que, só em 2025, a Rússia perderia 346 mil soldados mortos ou feridos, um número quase igual às tropas mobilizadas no mesmo período. Trump, por sua vez, é esperado na Coreia do Sul nos próximos dias para uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping. A este respeito, Zelensky manifestou esperança de que a cimeira possa levar a um compromisso de Pequim para reduzir a compra de petróleo russo: “O passo mais forte seria se a Índia e a China parassem de comprar energia à Rússia, especialmente petróleo”, concluiu.

Beatriz Marques
Beatriz Marques
Como redatora apaixonada na Rádio Miróbriga, me esforço todos os dias para contar histórias que ressoem com a nossa comunidade. Com mais de 10 anos de experiência no jornalismo, já cobri uma ampla gama de assuntos, desde questões locais até investigações aprofundadas. Meu compromisso é sempre buscar a verdade e apresentar relatos autênticos que inspirem e informem nossos ouvintes.