O presidente dos EUA, Trump, confirmou que autorizou temporariamente o movimento islâmico a “manter a segurança” na Faixa de Gaza, mas alertou que o grupo terá de aceitar o desarmamento
A entrada em vigor do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos e a retirada parcial das forças israelitas coincidiram em Gaza com o início de uma nova espiral de violência interna. Isto foi relatado pelo jornal “Wall Street Journal”, segundo o qual a organização islâmica Hamas, depois de ter recuperado os territórios desocupados pelas Forças de Defesa israelitas, lançou uma dura campanha de repressão contra milícias rivais ligadas a poderosas famílias palestinianas, numa tentativa de reafirmar o seu controlo sobre o enclave. As forças de segurança do movimento islâmico têm levado a cabo execuções públicas e confrontos armados, como o ocorrido no domingo perto do hospital jordano na cidade de Gaza contra a família Doghmosh, que deixou dezenas de mortos. Vídeos verificados pelo jornal mostram homens da família executados na praça por milicianos do Hamas.
O grupo acusa estas famílias de colaborarem com Israel e de aproveitarem o caos para consolidar o seu poder local. Alguns deles, como Abu Shabab, no sul da Faixa, receberam armas de Israel para enfraquecer ainda mais o Hamas. Segundo analistas, a organização islâmica – enfraquecida pelos bombardeamentos israelitas, perdas económicas e descontentamento popular – está agora a tentar reconstruir a sua autoridade através da força. Seu emissário em Teerã, Khaled Qaddoumidescreveu as novas operações como um esforço para “restaurar a ordem e a estabilidade” e punir colaboradores e criminosos. O presidente dos EUA Donald Trump confirmou ter autorizado temporariamente o Hamas a “manter a segurança” na Faixa, mas avisou que o grupo terá de aceitar o desarmamento: “Se não o fizerem, nós os desarmaremos”, ameaçou o ocupante da Casa Branca. Entretanto, Israel está a observar atentamente a situação, temendo que o vazio de poder e novos confrontos possam inviabilizar os planos de paz.