Você ainda acredita que a temperatura normal do corpo humano é 37 °C? Pois bem, está na hora de dar adeus a essa crença resistente! A ciência já mudou faz tempo, mas o mito persiste — e, convenhamos, ninguém merece medir febre com referência do século retrasado… Prepare-se para descobrir se seu termômetro está mesmo te sacaneando ou só tentando te atualizar!
De onde veio a história dos 37 °C?
Essa ideia tão disseminada tem raízes profundas: durante décadas, considerou-se que 37 °C era o “padrão-ouro” da temperatura corporal. Mas, na verdade, as coisas mudaram. Faz mais de vinte anos que cientistas já sabem que esses 37 °C não representam mais a média real. Porém, a maioria das pessoas segue tratando esse número como referência sagrada toda vez que sente o termômetro esquentar.
De onde surgiu, então, esse número mágico? O responsável foi um médico que trabalhava numa clínica alemã, lá nas longínquas décadas de 1870. Ele conduziu um estudo com nada menos que 25.000 pessoas, calculando a média em 37 °C. Mas será que os termômetros da época eram confiáveis? É o que questionou Philip Mackowiak, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, desde 1992! No mínimo, ele já desconfiava dessa exatidão tão arcaica.
O que dizem os estudos mais recentes?
Agora, vamos ao que interessa. Pesquisas modernas praticamente dão um puxão de orelha na velha referência: a temperatura corporal média gira em torno de 36,5 °C. Várias equipes se debruçaram sobre a questão. Por exemplo, um time de cinco cientistas da Universidade Stanford publicou, em 2017, um estudo que esclarece o enigma. Eles analisaram mais de 600.000 medições de temperatura feitas entre 1862 e 2017 e foram categóricos:
- A média, de fato, já foi 37 °C.
- Mas ela foi caindo década após década – 0,03 °C a menos a cada dez anos!
- Chegamos à média atual de 36,5 °C: ou seja, nosso corpo está ficando mais frio.
Outro estudo ainda mais recente, divulgado em 2020 e coordenado pelo antropólogo Michael Gurven, da Universidade da Califórnia, confirmou essa tendência. Eles estudaram o povo Chimane (ou Tsimane), agricultores e caçadores tradicionais vivendo isolados na Bolívia. Chegaram à mesma conclusão: o corpo humano esfriou — e não é só culpa nossa por não levantar do sofá, ok?
O que explicaria essa queda?
Nem todos os pesquisadores apontam as mesmas causas para o resfriamento humano ao longo das décadas, mas existe um consenso de que nossos estilos de vida têm muito a ver com isso.
- Para o grupo de Stanford, as mudanças no ambiente em que vivemos são protagonistas. Como explica Julie Parsonnet, uma das autoras do estudo, mudaram-se desde as temperaturas dentro das casas até nosso contato com micro-organismos e o tipo de alimento que consumimos.
- Já a equipe da Califórnia acredita em uma variedade maior de causas, como:
- ar-condicionado;
- hábitos alimentares;
- doenças crônicas;
- atividade do sistema imunológico;
- problemas dentários e parasitas;
- hábitos de sono;
- medicamentos anti-inflamatórios.
Resumindo: viver melhor, com mais conforto e menos exposição a certos patógenos, tem seus efeitos térmicos – para o bem ou para o mal.
Na prática: quando meu termômetro apita, devo correr para o hospital?
Aqui vai o alívio: não precisa se desesperar quando o termômetro marcar 37 °C! Isso não significa febre automática. Na verdade, qualquer temperatura entre 35,7 °C e 37,3 °C pode ser considerada “normal”.
- Se estiver dentro desse intervalo, pode relaxar (e economizar na farmácia).
- Aquela velha referência de 37 °C já ficou para trás – pelo menos para os cientistas que vivem no século XXI.
Em resumo: acompanhar a evolução científica pode salvar você de alarmes falsos e garantir tranquilidade até mesmo quando a testa parece um pouco quente. Da próxima vez que conferir sua temperatura, lembre-se: seu corpo pode estar apenas seguindo a evolução natural do Homo sapiens… rumo ao “modo geladeira econômica”! E, sendo sincero, quem não adoraria gastar menos energia?