Sobre nós Menções legais Contato

Uruguai, chanceler à Nova: “Só esperamos a Europa no acordo com o Mercosul”

“Esperamos que a Itália possa desempenhar um papel decisivo e levar à assinatura ainda este ano, após 25 anos”, disse Mario Lubetkin

Neste processo, declara Lubetkin, “esperamos” que a Itália possa desempenhar um papel decisivo e levar à assinatura “ainda este ano, após 25 anos”. Para o Mercosul “o acordo está fechado, nada está negociado”, e só há duas opções: “você assina ou não assina”. Se então “há adendas internas dentro da UE, esta continua a ser uma liberdade dos europeus, desde que não contrarie o acordo central”, explica o ministro. A posição dos países sul-americanos agora é a de “silêncio: estamos ouvindo, estamos observando como as águas se movem dentro da Europa. Aguardamos, com muita paixão e muita vontade, este acordo”, conclui. Para o efeito, Lubetkin viajará para a Europa nos próximos dias: depois de Roma seguirá para a Alemanha, onde está prevista uma reunião bilateral com o seu homólogo Johann Wadephul, e na Bélgica, para reuniões com comissários europeus. Última paragem, em Espanha, para encontro com o Ministro da Economia Carlos Cuerpo e “entender para onde estamos indo com o acordo”.

Nos mesmos dias, o Presidente Orsi visitará Roma, “com uma grande agenda” que começará com uma visita ao Papa sobre o tema da paz. “É um tema muito delicado, o tema da paz e do papel dos nossos países, o papel que o Uruguai quer ter para facilitar processos num momento de crescentes tensões internacionais”, afirma o ministro, mencionando os conceitos do discurso de Orsi na última assembleia geral das Nações Unidas. No Uruguai “a relação entre paz, democracia, direitos humanos, desenvolvimento social e desnuclearização andam de mãos dadas”, acrescenta, lembrando que “a América Latina e as Caraíbas são a única região de paz” e por isso “para nós é muito importante neste cenário internacional defender tudo isto”. Após a audiência no Vaticano, Orsi marcou uma reunião com o presidente do deputado Sergio Mattarella e com outros “atores importantes do sistema político italiano”. Para o governo uruguaio, a Itália “é um parceiro central”. Uma relação «que devemos construir e aprofundar permanentemente».

Por fim, Orsi participará do octogésimo aniversário da Organização Mundial para Agricultura e Alimentação (FAO). Um evento “que é muito emblemático porque não somos um país energético ou petrolífero”, mas também “um país agroalimentar, esta é a nossa liderança, o coração do nosso desenvolvimento económico e o contributo que podemos dar” ao mundo. “Estar presente na agência da ONU que tem como foco a segurança alimentar é algo muito emblemático.” “Competimos nesta questão, porque é o contributo que podemos dar, tem a ver com o nosso próprio crescimento, temos um desenvolvimento tecnológico interessante do ponto de vista agroalimentar e temos uma capacidade infinitamente maior de produção de alimentos de alta qualidade do que representa na nossa população de três milhões e meio”, explica Lubetkin.

A tensão nas Caraíbas, com as manobras militares dos EUA contra barcos de alegados narcotraficantes vindos da Venezuela, “vai contra o cenário de paz que caracteriza a região latino-americana”, cujos países têm a tarefa de “defender a questão a todos os níveis”, vencendo o “desafio de baixar as tensões” para evitar um “cenário irreparável que pode prejudicar a todos”. A esperança do governo uruguaio é que mais trabalho seja feito ao nível da comunidade dos Estados Americanos e Caribenhos (CELAC), tendo em consideração que a América Latina e o Caribe “é um continente bonito, mas com muitas opiniões diferentes”, a ser respeitado e no qual encontrar “momentos de sinergia”. Esta abordagem é também uma característica da presidência de Orsi e do governo uruguaio: “Trabalhar na verdadeira América Latina e tentar fazer com que apareça o melhor desta bela área, em termos de paz, estabilidade, desenvolvimento socioeconómico e ambiente”. Não se trata de “ter um plano de 100 pontos, mas de concordar em 4 ou 5 com os quais acredito que concordamos independentemente da cor política do país”, conclui Lubetkin.

Eventos como a conferência Itália-América Latina e Caraíbas, que teve lugar ontem em Roma, e a próxima cimeira UE-Celac, são mecanismos de diálogo “importantes”, especialmente num cenário internacional de “transformação profunda” em que “o que existia há um ano já não existe ou mudou e não sabemos o que será daqui a um ano”. Construir um cenário de cooperação e complementaridade, afirma o ministro uruguaio, “é um processo que não envolve um único evento, mas requer “muitos componentes”: “escutar uns aos outros, trocar ideias, estabelecer estratégias, consolidar a cooperação”. Hoje as soluções para os problemas “não têm capacidade local, e o multilateralismo é a forma de agir a nível internacional”, afirma Lubetkin. uns com os outros, conversamos e cada um buscou soluções por conta própria”, declara.

Nos últimos dias, o ministro participou do evento organizado pelo Parlamento em Roma e dedicado ao ataque de 1975 contra o Chile Bernardo Leighton. “Parece algo muito distante, há 50 anos. Na verdade é um sinal, de um dos poderes mais importantes deste país, o poder parlamentar, de que não devemos considerar-nos seguros sobre a democracia e a estabilidade. É sempre importante recordar estes momentos que chocaram a opinião pública – neste caso italiana porque o ataque foi aqui, em Roma”, declara Lubetkin. Para o Uruguai, como para a Itália e para toda a América Latina, a sensibilidade à democracia, ao Estado de direito, é um tema a ter sempre em mente: “Nunca poderemos garantir que a democracia seja plena se não trabalharmos para garantir que ela exista e sempre a defendermos”.

Beatriz Marques
Beatriz Marques
Como redatora apaixonada na Rádio Miróbriga, me esforço todos os dias para contar histórias que ressoem com a nossa comunidade. Com mais de 10 anos de experiência no jornalismo, já cobri uma ampla gama de assuntos, desde questões locais até investigações aprofundadas. Meu compromisso é sempre buscar a verdade e apresentar relatos autênticos que inspirem e informem nossos ouvintes.