“Surgem novas prioridades orçamentais, em particular a necessidade de reforçar o setor da defesa num contexto de incerteza geopolítica geral”
A boa saúde das finanças públicas deixa “espaços muito estreitos para políticas expansionistas que visam, nas intenções do governo, apoiar a procura interna e os rendimentos da classe média através de medidas de redução de impostos, apoiar os investimentos e o sistema de incentivos às empresas e salvaguardar as despesas com saúde ao longo do tempo”. Foi o que afirmou o Tribunal de Contas na audiência, perante as comissões mistas de orçamento da Câmara e do Senado, sobre o documento de planejamento das finanças públicas (DPFP). “Confirma-se, assim, a necessidade, por um lado, de manter o controlo das contas públicas, e, por outro, de garantir uma selecção mais criteriosa das intervenções a lançar. Neste sentido, surgem como centrais as medidas que visam relançar o crescimento, as quais, tendo em conta o planeamento das despesas de defesa, terão de ser capazes de continuar no caminho de modernização do país iniciado, bem como de estimular o aumento da produtividade, o relançamento do consumo, a intervenções para a saúde e para a conclusão de investimentos em infraestruturas e, finalmente, o reforço das capacidades de investigação e inovação para apoiar o tecido produtivo, económico e social do país”, acrescenta.
O crescimento em 2026 “poderá também ser afetado por um eventual adiamento dos investimentos públicos ligados ao Pnrr previsto para o próximo ano”, prossegue o Tribunal de Contas. “Além disso, estão a surgir novas prioridades orçamentais, em particular a necessidade de fortalecer o setor da defesa num contexto de incerteza geopolítica geral”, acrescenta.
A quantificação dos vários riscos “ligados à evolução adversa das hipóteses formuladas para as variáveis exógenas (taxa de câmbio, taxa de juro, preços do petróleo), e às possíveis implicações ligadas aos direitos e à penetração das importações chinesas no mercado italiano parece adequada”, sublinha o órgão constitucional. “No entanto, é necessário sublinhar como a ocorrência de cenários desfavoráveis pode comprometer significativamente as trajetórias de crescimento destacadas no quadro tendencial e programático”, conclui.