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Sudão: a ofensiva do exército está em risco, chegam reforços para as Forças de Apoio Rápido da Líbia

O governador de Darfur e líder histórico do Movimento de Libertação do Sudão, Minni Arko Minnawi, denunciou a entrada na região de 400 veículos e equipamentos militares transportados pelos chamados “Janjaweed”, os temíveis “demônios a cavalo” de etnia árabe

O conflito no Sudão, que eclodiu em Abril de 2023 entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), não mostra sinais de resolução. Depois de o exército ter feito progressos consideráveis ​​nos últimos meses com a reconquista de vastas porções de território – mais recentemente a cidade estratégica de Wad Madani, na região ocidental de Gezira – chega agora a notícia da chegada de reforços da Líbia, com soldados equipados presumivelmente destinada à RSF, corre o risco de inverter mais uma vez o destino do conflito. Numa publicação no Facebook, foi governador de Darfur e líder histórico do Movimento de Libertação do Sudão (Slm-Mm), Minnie Arko Minnawipara denunciar a entrada na região de 400 veículos e equipamentos militares transportados pelos chamados “Janjaweed”, os temíveis “demônios a cavalo” de etnia árabe, já responsáveis ​​no passado por crimes brutais em Darfur sob o regime de longa data presidência de Omar al Bashir. Um facto que parece confirmar o apoio à RSF por parte das milícias do general líbio Khalifa Haftar.

Os últimos desenvolvimentos correm o risco de constituir uma nova reversão no destino do conflito sudanês. Na verdade, só no passado dia 11 de Janeiro o exército reconquistou a estratégica cidade de Wad Madani, localizada na região ocidental de Gezira, que estava sob o controlo da RSF há meses. A captura da cidade, localizada a três horas de carro da capital Cartum, é particularmente significativa, pois permite às forças governamentais planearem a reconquista de todo o Estado de Gezira, uma área particularmente sensível para os movimentos de múltiplas alianças de grupos armados voláteis. Entretanto, as SAF voltaram a bombardear Omdurman, a cidade “gémea” da capital Cartum, situada na outra margem do Nilo, matando nada menos que 120 pessoas. O ataque ocorreu na área de Dar al Salam, na zona oeste da cidade. No quadro complexo que está a surgir, a nível internacional há entretanto aqueles que tentam exercer pressão sobre os intervenientes no conflito. Por um lado, a administração cessante dos Estados Unidos continua a impor sanções destinadas a desencorajar as duas facções, embora pela primeira vez também tenha anunciado sanções contra o general Al Burhan.

Em nota, o Escritório do Tesouro dos EUA para Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) também sancionou um diretor da Defense Industry Systems (DIS), braço da SAF que trata de compras, e uma empresa da subsidiária Portex Trade, sediada em Hong Kong, pelo envolvimento no fornecimento de armas às Forças Armadas Sudanesas. Uma medida que surge como uma tentativa de não se inclinar a favor de uma ou outra facção em conflito, face à delicada transição da administração Biden para a administração Trump. Entretanto, na frente diplomática, a hipótese de mediação do conflito por parte da Turquia parece estar a ganhar terreno, uma vez que desempenha um papel cada vez mais central em África, como demonstra o acordo na sequência do acordo alcançado em Ancara entre a Somália e a Etiópia. A possível mediação da Turquia é vista com bons olhos pela junta militar de Al Burhan, uma vez que Ancara tem autoridade para mediar com os Emirados Árabes Unidos, que há muito apoia financeira e militarmente a RSF do General Dagalo.

Beatriz Marques
Beatriz Marques
Como redatora apaixonada na Rádio Miróbriga, me esforço todos os dias para contar histórias que ressoem com a nossa comunidade. Com mais de 10 anos de experiência no jornalismo, já cobri uma ampla gama de assuntos, desde questões locais até investigações aprofundadas. Meu compromisso é sempre buscar a verdade e apresentar relatos autênticos que inspirem e informem nossos ouvintes.