Você já desconfiou que o seu gato tem um sexto sentido? Sabe aquele olhar fixo enquanto você circula pela casa ou a impressão de que ele só se aproxima para ver se a ração está cheia? Pois é, a ciência tem novidades que vão fazer você repensar tudo o que achava saber sobre a mente felina. Prepare-se: seu gato pode ser muito mais do que um estômago peludo sobre quatro patas!
Do interesse à conexão: o novo retrato dos gatos
Muita gente acredita que gato só se aproxima por interesse – e, sejamos sinceros, a fama não veio do nada. Às vezes, parece mesmo que aquele ronronar é pura diplomacia gastronômica. Só que uma pesquisa de 2019 jogou uma pá de areia nesse estereótipo. O estudo revelou que nossos amigos felinos são muito mais apegados aos seus humanos do que imaginávamos.
Não bastasse isso, uma nova pesquisa publicada no dia 10 de novembro de 2021, na revista PLOS One, foi ainda mais longe: os gatos prestam muita atenção ao que fazemos em casa – a ponto de saberem onde estamos, mesmo quando estamos longe dos olhos atentos (e julgadores, claro) deles.
Como os gatos sabem onde você está?
Quem revelou essas façanhas intrigantes foi uma equipe de pesquisadores japoneses, liderada por Saho Takagi, do departamento de psicologia da Universidade de Kyoto. Eles descobriram um talento quase detetivesco nos bichanos: os gatos conseguem seguir os movimentos dos seus tutores usando pistas do ambiente.
- Mesmo em cômodos diferentes, o gato permanece atento aonde você possivelmente está.
- Eles utilizam indícios sonoros e ambientais para “mapear” mentalmente sua presença pela casa.
Ou seja: não importa se você foi ao banheiro rapidinho ou se está na cozinha abrindo a geladeira (cuidado, eles sabem!), seu gato está conectado ao seu paradeiro.
O experimento: vozes, sons misteriosos e… surpresas felinas
Para desvendar esse mistério, os cientistas fizeram uma experiência digna de Sherlock Holmes. Eles gravaram tutores chamando seus gatos pelo nome, além de vozes de pessoas desconhecidas. Também coletaram sons não verbais e os miados de outros gatos. Depois, colocaram esses áudios para tocar próximos aos felinos e observaram suas reações a cada barulho diferente.
Eis o momento digno de novela: os gatos ficaram muito surpresos ao ouvirem a voz do tutor na mesma sala que eles, especialmente se já tinham visto o tutor sair dali antes. Isso sugere que, mesmo sem ver você, o gato está fazendo um mapa mental de onde acredita que você esteja – e qualquer “teledifusão não autorizada” da sua voz pode bagunçar as coordenadas desse GPS felino.
- Os gatos reagiam de forma especial quando a voz do dono parecia “teleportada” para outro lugar inesperado.
- Já com sons de desconhecidos ou barulhos não sociais, eles não demonstravam a mesma surpresa.
Segundo os pesquisadores, “os resultados revelaram que os gatos ficavam surpresos quando seu tutor parecia ter se teletransportado para um lugar novo e inesperado, mas não reagiam assim com outros estímulos não sociais”.
Essas descobertas mostram que eles têm, de fato, uma representação mental do tutor invisível, mapeando a localização do humano através da voz. Isso prova que os gatos possuem cognição sócio-espacial – ou seja, conseguem relacionar informações sociais e espaciais para saber onde você está.
O que aprendemos sobre nossos felinos – e sobre nós mesmos?
No fim das contas, fica claro: os gatos podem parecer independentes e frios, mas estão mais ligados a nós do que a fama faz crer. Se você achava que era apenas um fornecedor de ração, a ciência acaba de presentear seu ego com um agrado (e sem precisar oferecer sachê!).
- Seu gato usa todos os sentidos para acompanhar seus passos.
- Bichanos realmente se importam com seus tutores – e não só com a comida fácil.
- E talvez aquela sensação de “ele está me observando” não seja imaginação: ele realmente está.
Da próxima vez que seu gato entrar silenciosamente na sala e encarar você, lembre-se: ele já sabia que você estava ali. E se você se surpreender com um miado na porta do banheiro, considere: seu felino tinha tudo sob controle – como todo bom mestre do lar!
Como apaixonado pela natureza e por tudo o que envolve bem-estar e métodos científicos, espero que essas descobertas façam você olhar com outros olhos para o seu amigo peludo. Afinal, amar a natureza é também apreciar o mistério (e o charme) de cada criatura que compartilha a vida conosco!