“Trabalhamos com todos os parceiros e aliados, em particular com Marrocos e Argélia, para chegar a uma decisão que satisfaça o maior número possível de partes”, disse o conselheiro.
Os Estados Unidos manifestam optimismo sobre a possibilidade de uma solução permanente para a questão do Sahara Ocidental, segundo o conselheiro sénior do presidente Donald Trump para assuntos árabes e africanos, Massad Boulos, em entrevista concedida à emissora “Sky News Arabia”. Boulos afirmou que “uma solução duradoura para a questão do Sahara facilitará a reconciliação entre Marrocos e a Argélia”, especificando que o Conselho de Segurança das Nações Unidas discutirá uma nova resolução dedicada ao conflito na quinta-feira, 30 de Outubro. “Trabalhamos com todos os parceiros e aliados, em particular Marrocos e Argélia, para chegar a uma decisão que satisfaça o maior número possível de partes, sabendo que não é fácil agradar a todos”, acrescentou.
O conselheiro presidencial explicou que Washington está a trabalhar com os membros do Conselho para definir uma linguagem comum tendo em vista a segunda fase das negociações, destinada a promover uma solução abrangente e duradoura. Boulos lembrou ainda que todas as questões continuam em discussão, em particular a renovação do mandato da Missão das Nações Unidas no Sahara Ocidental (Minurso). A nível político, Boulos reiterou que a posição dos Estados Unidos e do Presidente Trump sobre a soberania marroquina sobre o Sahara é clara e irreversível. “Trump reconheceu a soberania de Marrocos sobre o Sahara como parte da proposta de autonomia, que consideramos a melhor solução”, explicou Boulos, descrevendo o plano de Rabat como “o mais realista e construtivo”.
As declarações de Boulos surgem num contexto de renovado dinamismo diplomático em torno da questão saariana. De facto, poucos dias depois da votação em Nova Iorque, a Frente Polisário enviou ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a sua própria proposta política, apresentada como um gesto de “boa vontade”, na qual reafirma o pedido de um referendo de autodeterminação supervisionado pelas Nações Unidas e pela União Africana. No entanto, o projecto de resolução promovido por Washington introduz uma mudança de paradigma, indicando o plano de autonomia marroquino de 2007 como a base mais credível e realista para uma solução política de compromisso, superando o referendo sobre a independência.
O projecto, promovido por Washington, elogia a liderança dos EUA no dossiê e regista a vontade dos EUA de acolher negociações entre as partes. O texto reconhece ainda “o compromisso do Presidente Donald Trump” em favorecer uma solução para o conflito, uma referência que poderá gerar reservas por parte de alguns membros do Conselho, em particular da Rússia e da China, historicamente mais cautelosos no apoio a posições consideradas favoráveis a Rabat. O documento pede finalmente a Guterres que apresente um relatório no prazo de seis semanas após a adoção da resolução e uma nova atualização antes do final do mandato, com recomendações sobre “possíveis transformações ou encerramentos da Minurso com base nos resultados das negociações”.