“A próxima fase será a do ‘trabalho real’ e da reconstrução liderada pelas forças armadas em parceria com os cidadãos”, disse o vice-comandante-chefe do ENL
O papel do Exército Nacional Líbio (NLA, baseado no leste do país), “não se limita à segurança, mas estende-se ao desenvolvimento”. O vice-comandante-chefe do ENL disse o seguinte, Saddam Haftar, durante a sua visita a Jufra, no centro da Líbia, no âmbito da chamada “Jornada da Lealdade”, acrescentando que a próxima fase será a do “trabalho real” e da reconstrução liderada pelas forças armadas em parceria com os cidadãos. Na visão de Haftar, a região de Jufra – que alberga uma base militar de facto gerida pela Rússia – poderá tornar-se num centro vital e num importante centro económico ligando as cidades líbias no próximo período. As recentes visitas a locais como Sebha, Sirte e Jufra têm como objectivo credenciar os Haftars como factor de estabilidade e apoio ao desenvolvimento do país e – em última análise – como a única opção para resolver concretamente a crise da Líbia.
Vale lembrar que a Líbia continua dividida entre dois governos rivais: de um lado o de Trípoli, liderado pelo primeiro-ministro Abdulhamid Dabaiba e reconhecido pelas Nações Unidas; por outro, o executivo paralelo de Benghazi, apoiado pela Câmara dos Representantes e ligado às forças do marechal Khalifa Haftar, cujo Exército Nacional Líbio foi recentemente reforçado com armas de fabrico russo e chinês, graças ao apoio logístico dos Emirados Árabes Unidos. O líder da Cirenaica, de 81 anos, também nomeou recentemente os seus filhos Saddam e Khaled, respetivamente vice-comandante do Comando Geral e chefe do Estado-Maior do ENL, formalizando uma sucessão familiar já consolidada de facto. As Nações Unidas, através da representante especial Hanna Tetteh, lançaram um roteiro no verão para alcançar eleições nacionais dentro de 12-18 meses, com base em três pilares: definição de um quadro eleitoral partilhado, unificação das instituições e diálogo participativo a nível nacional. Por sua vez, o primeiro-ministro do governo designado pelo Parlamento de Tobruk enviou uma queixa formal ao secretário-geral da ONU, António Guterres, acusando o representante especial e a missão da UNSMIL de “graves violações da soberania nacional” e de “interferência nos assuntos internos do país”.