A Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, sublinhou que uma “União Europeia maior significa uma Europa mais forte e mais influente na cena mundial”
Muitas luzes e algumas sombras no pacote anual de alargamento apresentado hoje pela Comissão Europeia, que faz o balanço dos progressos dos países candidatos. Do Montenegro, nação que lidera o grupo e que poderá tornar-se “o 28.º Estado-membro já em 2028”, conforme declarou o presidente do Conselho Europeu António Costa, à Moldávia e à Ucrânia, cujos progressos “surpreendentes” foram destacados pelas instituições da UE, até à Geórgia, relativamente à qual a Comissão manifesta “profunda preocupação” pela deterioração do Estado de direito e da democracia. O documento hoje publicado reitera “que a dinâmica rumo ao alargamento está no topo da agenda prioritária da UE”. E confirma-se também que a adesão de novos Estados-membros está “cada vez mais ao nosso alcance”. “A coerência e a adoção de uma abordagem baseada no mérito são fundamentais para o sucesso da adesão à UE”, escreve a Comissão. Além do Montenegro, as perspetivas da Albânia, com a Moldávia e a Ucrânia, também são consideradas positivas, apesar dos pedidos de adesão apresentados apenas em 2022. A Macedónia do Norte e a Bósnia estão mais atrás, assim como a Sérvia. O Kosovo, que ainda não é formalmente candidato, está à margem tal como a Turquia, cujo processo de integração está paralisado há décadas.
Comentando o relatório o Presidente da Comissão Úrsula von der Leyensublinhou que uma “União Europeia maior significa uma Europa mais forte e mais influente na cena mundial”. “Estamos mais determinados do que nunca em tornar o alargamento da UE uma realidade – afirmou von der Leyen –. Mas deve, e continuará a ser, um processo baseado no mérito.” “O nosso pacote fornece recomendações específicas a todos os nossos parceiros. E a todos eles dizemos: a adesão à UE é uma oferta única, uma promessa de paz, prosperidade e solidariedade. Com as reformas certas e uma forte vontade política, todos podem aproveitar esta oportunidade”, afirmou o Presidente da Comissão. “Para garantir que os novos Estados-membros continuam a proteger e a manter as suas conquistas no Estado de direito, na democracia e nos direitos fundamentais, os futuros tratados de adesão devem conter garantias mais fortes contra qualquer retrocesso em comparação com os compromissos assumidos durante as negociações de adesão”, lê-se ainda von der Leyen na nota.
O relatório foi comentado pessoalmente por alguns dos líderes envolvidos, a começar pelo presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que falou de “uma avaliação muito positiva” por parte de Bruxelas. “A Ucrânia luta pela sua independência e o nosso futuro está na UE” e “para nós é um factor importante a ser tão valorizado este ano”. “Não é tão fácil para nós durante a guerra introduzir estas ou aquelas alterações legislativas, obviamente por razões diferentes, mas não quero queixar-me. Somos um país muito forte que se opõe à Rússia e ao seu desejo de nos destruir. É por isso que estou certo de que introduziremos todas as alterações legislativas necessárias e outras medidas”, disse Zelensky. A esperança do presidente é que a Ucrânia “possa aderir à UE ainda antes de 2030”. “Gostaria que isto acontecesse de forma justa, quando a Ucrânia se defender e quando a guerra terminar”, explicou Zelensky. De acordo com o chefe de estado da Moldávia, Maia Sandu, a adesão do seu país à União Europeia “também é do interesse de Bruxelas”, por razões de credibilidade e porque “alguns países não podem ser utilizados por regimes autoritários” como instrumento de propaganda contra a própria UE. “Isto é o que poderá acontecer se não houver uma perspetiva real de integração europeia”, explicou Sandu, reiterando o desejo dos cidadãos moldavos de continuarem a viver numa democracia e de fazerem parte do “mundo livre”.