A organização humanitária Alarm Phone informou ontem que recebeu uma chamada de emergência enquanto o navio estava a cerca de 145 quilômetros a sudoeste da ilha.
A Marinha maltesa negou ter recebido um pedido de assistência relativamente ao episódio relatado pela ONG Alarm Phone, segundo o qual um migrante morreu e três ficaram feridos depois de um barco patrulha líbio ter aberto fogo contra um barco com cerca de 100 pessoas a bordo na zona de busca e salvamento (SAR) de Malta. A organização humanitária informou ontem que recebeu uma chamada de emergência por volta das 13h30, enquanto o navio estava a cerca de 145 quilómetros a sudoeste da ilha. Numa mensagem publicada na plataforma X, a Alarm Phone falou em “um ataque violento” e pediu a intervenção imediata das autoridades europeias para garantir o resgate dos migrantes. Conforme relatado pelo Newsbook Malta, as Forças Armadas maltesas especificaram que não receberam quaisquer relatórios oficiais ou pedidos de assistência, nem lançaram operações de busca ou salvamento na área.
O caso, sem confirmação por parte da Líbia, suscitou ampla cobertura nos meios de comunicação locais e internacionais, alimentando novas controvérsias sobre a gestão dos fluxos migratórios no Mediterrâneo central. A notícia também foi recolhida pela imprensa líbia, incluindo o portal “Al Wasat”, que destacou as acusações feitas por organizações humanitárias contra a Guarda Costeira líbia pelo uso da força contra barcos de migrantes, já no centro de numerosos episódios semelhantes nos últimos meses. De acordo com reconstruções da organização não governamental Mediterranea Saving Humans, o alegado ataque ocorreu em águas internacionais, dentro da zona SAR maltesa. Nos últimos anos, Malta tem sido repetidamente acusada por ONG de atrasar ou omitir intervenções de resgate e delegá-las a unidades líbias. De acordo com o Arquivo de Migração Maltês, entre 2020 e 2024 a ilha teria realizado apenas 2-3 por cento dos resgates nas suas áreas de competência, enquanto as intercepções operadas por unidades líbias teriam aumentado 230 por cento. No mesmo período, mais de 5 000 migrantes foram reportados para a Líbia provenientes de áreas sob responsabilidade maltesa e mais de 1 700 pessoas perderam a vida ao tentar atravessar o Mediterrâneo.