A saída teria sido autorizada para permitir uma transição pacífica no país, abalado durante semanas por violentos protestos que levaram ao motim de parte do exército
O Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelinadeixou o país a bordo de um avião militar francês. É o que informam fontes citadas pela emissora “RFI”, segundo as quais a fuga ocorreu ontem de acordo com o presidente francês Emmanuel Macron e o seu destino final ainda permanece incerto. Segundo o que foi noticiado por “Rfi”, um helicóptero teria levado o presidente malgaxe até à ilha de Sainte-Marie, na costa leste de Madagáscar, e de lá Rajoelina teria embarcado num avião militar francês com destino à ilha da Reunião, antes de partir para outro destino com a sua família. O destino provável, segundo as mesmas fontes, seria Dubai. A saída, relata “Rfi”, foi autorizada para permitir uma transição pacífica no país, abalado durante semanas por protestos violentos que levaram ao motim de parte do exército, mas Paris reiterou com firmeza que em nenhuma circunstância a França intervirá militarmente em Madagáscar. As forças militares francesas no sul do Oceano Índico, baseadas na Reunião, não irão mais longe e não haverá intervenção na ilha, dizem as fontes. Entretanto, está previsto um discurso de Rajoelina para as 19h de hoje (18h em Itália).
Os últimos desenvolvimentos surgem depois de ontem à noite pessoas próximas do Presidente Rajoelina terem continuado a afirmar, durante uma comunicação por vídeo com diplomatas, que o chefe de Estado ainda se encontrava em Antananarivo, especificando mesmo que se tinha refugiado num bunker. Esta manhã o general Nonos Mbina Mamelison foi nomeado o novo comandante da Gendarmaria Nacional pelos ministros da Defesa, da Gendarmaria Nacional e do novo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, depois de o general – que lidera a sua unidade – ter anunciado ontem que ele e os seus homens se tinham amotinado e aderido ao movimento de protesto. O anúncio surge depois de, no sábado passado, o Corpo de Pessoal e Serviços Administrativos e Técnicos do Exército (Capsat), o departamento especial do exército de Madagáscar, ter ficado ao lado dos manifestantes contra o Presidente Rajoelina, anunciando que tinha o controlo das forças armadas nacionais. “A partir de agora, todas as ordens das forças malgaxes, terrestres, aéreas e marítimas, serão emitidas pelo quartel-general do Capsat”, anunciaram oficiais da unidade num comunicado em vídeo divulgado nas redes sociais. A base Capsat, localizada nos arredores de Antananarivo, já tinha desempenhado um papel fundamental na revolta de 2009, que levou ao poder o então presidente da câmara da capital, Rajoelina. A localização atual do chefe de Estado permanece incerta, embora a presidência continue a afirmar que este ainda se encontra na ilha.