O ministro ilustrou as últimas atualizações relativas ao projeto BF na Argélia, considerado “um modelo concreto” da nova abordagem italiana ao continente africano
Durante a entrevista, o ministro ilustrou as últimas actualizações relativas ao projecto BF na Argélia, considerado “um modelo concreto” da nova abordagem italiana ao continente africano. Lollobrigida explicou que o projecto visa apoiar a Argélia na obtenção da auto-suficiência alimentar, melhorando as competências e tecnologias italianas no domínio agrícola.
“Visitei a Argélia duas vezes”, disse o ministro, “e tive inúmeras reuniões com colegas argelinos para definir as bases de um projecto ambicioso que ajudará o país a atingir os seus objectivos estratégicos no sector agro-alimentar, ao mesmo tempo que oferece às nossas empresas novas oportunidades para o desenvolvimento da produção local”. Lollobrigida especificou que a produção resultante do projecto BF não se destinará aos mercados europeus, mas servirá principalmente para satisfazer as necessidades alimentares internas da Argélia, com posterior abertura aos mercados africanos. O ministro sublinhou ainda que a iniciativa terá um forte impacto no emprego em várias províncias do país do Norte de África, contribuindo para o crescimento económico de áreas complexas e promovendo um desenvolvimento territorial equilibrado.
O ministro lembrou que a escolha da Argélia como primeiro país a implementar o Plano Mattei para África tem um profundo significado simbólico. “Este país sempre teve uma relação de amizade com a Itália. Enrico Mattei – a quem o plano é dedicado – é considerado pelos argelinos um grande amigo e até um ‘segundo herói nacional’, pelo seu apoio à Argélia no caminho da emancipação do colonialismo”, afirmou Lollobrigida. Segundo o ministro, “esta herança histórica de confiança mútua” distingue a cooperação ítalo-argelina da de outros atores internacionais, colocando-a numa base de respeito e igualdade.
Refletindo sobre as perspectivas mais amplas do Plano Mattei, Lollobrigida reiterou que a Itália é “uma ponte natural entre a Europa e África”. “África possui 60 por cento das terras agrícolas aráveis do planeta”, declarou o ministro, acrescentando que “é um continente rico em recursos mas que precisa de apoio em termos de tecnologia, inovação e formação. A Itália tem estas competências, e combinando-as com o potencial africano podemos gerar um crescimento real e melhorar a qualidade de vida no planeta”. O ministro especificou que esta é “a verdadeira essência do Plano Mattei: um modelo de cooperação produtiva baseado na criação de valor partilhado, e não no mero bem-estar”.
Lollobrigida abordou finalmente a questão da migração, esclarecendo que o objetivo da Itália não é apenas reduzir os fluxos irregulares, mas oferecer aos jovens do continente africano a liberdade de escolher se querem permanecer nos seus próprios países ou emigrar legalmente. “Sou a favor da mobilidade, mas ninguém deve ser obrigado a emigrar por causa da fome. Queremos criar condições económicas em África que permitam aos jovens ficar em casa com dignidade, ou chegar legalmente à Europa, como fizeram os nossos emigrantes no passado”, comentou o ministro.