O sindicato organizou uma manifestação em frente à sede da petroleira Brega Oil, localizada na zona portuária da cidade
O paradoxo é que a Líbia – um dos países mais ricos em hidrocarbonetos do mundo – não tem capacidade de refinação suficiente e é forçada a importar combustível do exterior. Durante vários meses, as autoridades suspenderam o mecanismo de troca “petróleo por combustível”, considerado opaco e pouco transparente, agravando a escassez de abastecimento. O combustível na Líbia é fortemente subsidiado e está entre os mais baratos do mundo, mas por esta mesma razão o contrabando continua a ser um fenómeno endémico. As autoridades prometeram repetidamente uma repressão, mas têm de lidar com redes criminosas e milícias armadas que controlam o tráfico ao longo da costa e no deserto, muitas vezes relacionado com o contrabando de migrantes. Além disso, nos últimos meses o país adoptou uma postura mais rígida em relação aos trabalhadores estrangeiros, com rusgas e detenções em diversas cidades. Muitos migrantes, empregados no sector das pescas e em estaleiros de construção, relatam condições de exploração, salários de fome e, em alguns casos, detenções arbitrárias. De acordo com organizações humanitárias como a Amnistia Internacional, alguns deles são forçados a trabalhar para pagar o custo da viagem para a Europa, apenas para serem interceptados por barcos de patrulha líbios e trazidos de volta a terra, onde correm o risco de acabar em centros de detenção geridos por grupos coniventes com traficantes.