A causa é o impasse parlamentar sobre o orçamento para 2026, mas reiterou a vontade de manter “uma estratégia gradual” para chegar a um acordo
O primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu admitiu que o seu governo “pode cair a qualquer momento” devido ao impasse parlamentar sobre o orçamento de 2026, mas reiterou o desejo de manter “uma estratégia gradual” para chegar a um acordo. Numa entrevista ao jornal “Le Parisien”, Lecornu reconheceu que o executivo “poderia descarrilar dez vezes”, acrescentando, no entanto, que pretende avançar “passo a passo”.
Numa outra entrevista ao “La Tribune Dimanche”, declarou acreditar que um acordo ainda é possível “se aqueles que realmente querem que isto funcione para o país façam a sua parte”. O conflito político intensificou-se após a rejeição do chamado “imposto Zucman” sobre as grandes fortunas e a adoção inesperada, contra a opinião do governo, de um imposto sobre a “riqueza improdutiva”, fruto de uma aliança sem precedentes entre o Movimento Democrático, o Partido Socialista e o Rassemblement National.
Lecornu propôs uma “mudança de método”, com reuniões à porta fechada entre os gestores orçamentais dos vários grupos, descrevendo a lei das finanças como “um orçamento transitório” e afirmando estar pronto para “aceitar uma estratégia gradual” na ausência de maioria absoluta. A segunda leitura do texto será, segundo o primeiro-ministro, “o momento da verdade”. No entanto, a possibilidade de uma moção de censura permanece concreta: vários representantes políticos, tanto maioritários como da oposição, consideram o orçamento “não aprovável na sua forma actual”, enquanto outros evocam a possível utilização do artigo 49.3 ou de um orçamento aprovado por decreto.