“Vou propor ao Parlamento a suspensão da reforma das pensões de 2023 a partir deste outono até às eleições presidenciais”, disse o primeiro-ministro
O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornubusca apoio para permanecer no cargo e sobreviver ao voto de confiança, e para isso recorre às bancadas do Partido Socialista. Por esta razão, durante o seu discurso político geral, Lecornu anunciou a suspensão da reforma previdenciária até as próximas eleições presidenciais de 2027. A medida foi solicitada pelos socialistas como condição para não votarem sem confiança. “Proporei ao Parlamento a suspensão da reforma previdenciária de 2023 deste outono até as eleições presidenciais”, disse Lecornu. “Mas digo aqui muito diretamente: suspender por suspender não faz sentido”, disse o primeiro-ministro, sublinhando que esta decisão custará à França 400 milhões de euros em 2026 e 1,8 mil milhões em 2028.
Após o anúncio de Lecornu, o Rassemblement National, de Marine Le Pen, e o La France Insoumise, de Jean-Luc Mélenchon, fizeram saber que votariam contra a confiança no executivo. Ambos os partidos apresentaram uma moção cada que será analisada na manhã de quinta-feira, embora a esperança de que sejam aprovadas seja muito baixa. Os Verdes também manifestaram a intenção de votar pela desconfiança. Os republicanos, porém, fizeram saber que não votarão para derrubar o governo. Os socialistas reuniram-se imediatamente para decidir o que fazer. “É o reconhecimento de uma luta levada a cabo pelas organizações sindicais”, disse Boris Vallaus, líder do grupo na Assembleia Nacional dos Socialistas, que falou num “primeiro passo” útil para a “revogação” da reforma. O Partido Socialista “esgotou-se” e o dos Republicanos “entregou-se à ‘Macronia’”, escreveu Le Pen no X.
Esta manhã realizou-se o primeiro Conselho de Ministros do governo francês anunciado no domingo, durante o qual foi apresentado o pacote financeiro que Lecornu gostaria de ter aprovado até ao final do ano. O projeto inclui cortes de cerca de trinta mil milhões de euros, em comparação com os 44 mil milhões anunciados na lei orçamental do ex-primeiro-ministro François Bayrou. O presidente Emmanuel Macron também esteve presente no conselho, comentando os desejos do Rassemblement National e do La France Insoumise de derrubar o executivo. “Moções de censura são moções de dissolução” da Assembleia Nacional, disse Macron, segundo a porta-voz do governo Maud Bregeon. O presidente insistiu na “estabilidade institucional” e na importância dos “compromissos”, acrescentou a porta-voz.