O porta-voz socialista no Congresso convidou JxCat a regressar à mesa de negociações, qualificando de “irresponsável” o encerramento do que considera uma “legislatura fecunda”.
A incerteza continua a reinar em Espanha depois do anúncio de ontem da United for Catalonia (JxCat) de romper o acordo que permitiu a investidura do governo de Pedro Sanches. A decisão dos líderes do partido da independência liderado por Carles Puigdemont será submetido à votação dos associados amanhã e depois de amanhã. Entretanto, em Madrid, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) tenta ganhar tempo e manter abertos os canais de comunicação. O porta-voz socialista no Congresso, Patxi Lópezconvidou JxCat a regressar à mesa de negociações, qualificando de “irresponsável” o encerramento do que considera uma “legislatura fecunda”. López lembrou que as relações entre socialistas e independentistas “sempre tiveram altos e baixos” e garantiu que o governo “continuará a negociar lei por lei”, reiterando o seu compromisso de respeitar os acordos assinados em Bruxelas com Puigdemont. Entre estes, citou o reconhecimento do catalão como língua oficial da UE, uma questão que será discutida “em breve com as autoridades alemãs”, como parte dos esforços para obter a aprovação de todos os 27 Estados-membros.
Até a porta-voz do governo, Pilar Alegriatentou transmitir uma imagem de relativa tranquilidade apesar de uma legislatura que se mostra cada vez mais frágil. “Continuaremos a trabalhar e a dialogar com todos os grupos políticos, como sempre fizemos. O diálogo e o consenso continuam a ser as ferramentas fundamentais para governar nesta pluralidade parlamentar”. Mas do lado catalão, palavras de conciliação não parecem ser suficientes. O secretário geral da JxCat, Jordi Turulldescartou que um encontro entre Puigdemont e Sánchez pudesse servir para sanar a cisão: “A acumulação de incumprimentos e a falta de confiança são tais que já não acreditamos nisso. Estamos na fase das ações, já não das palavras”, declarou hoje no “Rac1”. Turull acusou o PSOE de não respeitar o acordo de Bruxelas e reiterou que JxCat “não servirá de muleta” para o governo, convidando Sánchez a “refletir” sobre o futuro da legislatura.
Enquanto isso, a oposição aproveita a crise para pressionar o executivo. O líder do Partido Popular (PP), Alberto Nuñez Feijóconvidou Sánchez a seguir o “exemplo de coerência” do presidente da Extremadura, Maria Guardiolaque convocou eleições antecipadas após o fracasso do orçamento regional. “Quando um governo não aprova o orçamento, deve dar voz aos cidadãos”, declarou Feijóo, falando de “um país em declínio que precisa de recuperar a coerência política”. Poucas horas depois da votação interna do JxCat, a incerteza domina o cenário político espanhol. Tudo dependerá do resultado da consulta popular, que poderá confirmar a ruptura com os socialistas ou abrir uma frágil janela de negociação.