A quinta edição do Fórum de Assuão para a Paz e o Desenvolvimento Sustentável foi inaugurada em Assuão com a participação do Ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio Badr Abdelattynumerosos ministros, decisores políticos, representantes de organizações regionais e internacionais, instituições financeiras, sector privado e sociedade civil. O fórum, organizado pelo “Centro Internacional do Cairo para Resolução de Conflitos, Manutenção da Paz e Consolidação da Paz”, abordará questões como a promoção da paz, segurança e desenvolvimento, formas de estabilizar a região e promover o desenvolvimento sustentável em África, desafios à paz e segurança, construção de parcerias para enfrentar a crise de escassez de recursos, o papel da inteligência artificial na promoção da paz e do desenvolvimento, soluções sustentáveis para o deslocamento forçado e o papel estratégico do Mar Vermelho.
Em mensagem gravada para a abertura do Fórum, o presidente egípcio Abdel Fattah al Sisi disse que o mundo está a testemunhar a incapacidade e o fracasso da comunidade internacional em gerir crises humanitárias graves, resultando na exacerbação da polarização global e na incapacidade de apoiar os países em desenvolvimento. Al Sisi acrescentou que estes desequilíbrios globais intensificaram a competição pelos recursos e exacerbaram a instabilidade em todo o continente, enquanto a interferência externa e o terrorismo minam ainda mais a soberania e o desenvolvimento de África. O Presidente observou que o fórum deste ano, realizado nos dias 19 e 20 de Outubro em Assuão sob o tema “Um mundo em mudança, um continente em movimento”, centra-se nas ameaças emergentes à segurança, na reconstrução pós-conflito e nos investimentos em infra-estruturas e corredores comerciais estratégicos. Al Sisi também destacou o papel das mulheres e dos jovens, por ocasião do 25º aniversário da Agenda para as Mulheres, Paz e Segurança e do 10º aniversário da Agenda para a Juventude, Paz e Segurança. Reiterou o compromisso do Egipto em liderar a reconstrução pós-conflito no seio da União Africana, em linha com o Quadro actualizado da União Africana para o Desenvolvimento Sustentável.
Lançado em 2019 durante a presidência egípcia da União Africana, o Fórum de Assuão tornou-se uma plataforma africana líder para conectar políticas de paz, segurança e desenvolvimento. O Ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio destacou a importância dos esforços internacionais coordenados para apoiar os países do Sahel na luta contra o terrorismo, um fenómeno global e transfronteiriço que ameaça a segurança regional e internacional. Abdelatty alertou para o impacto da instabilidade no Mar Vermelho e no Golfo de Aden na economia global e egípcia, sublinhando que o Egipto está entre os países mais afectados por tais condições. Durante a abertura do fórum, o ministro disse que as perdas sofridas pelo Egipto no ano passado ultrapassaram os 9 mil milhões de dólares devido a uma queda de 60 por cento nas receitas do transporte marítimo através do Canal de Suez, com o número de navios que passam diariamente pelo Canal de Suez a cair de mais de 72 para 25-30. Abdelatty reiterou a necessidade de reformar as instituições internacionais para alinhá-las com a atual realidade global, apelando ao fim da política de duplicidade de critérios e à continuação dos esforços de reforma no Conselho de Segurança e nas instituições financeiras internacionais, garantindo que os países respeitem os seus compromissos e acordos internacionais.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou a necessidade de reforçar a acção conjunta num quadro multilateral, garantindo uma maior representação africana nas instituições financeiras internacionais e promovendo a reforma do Conselho de Segurança para garantir uma representação permanente e justa dos países do continente. Num discurso gravado, Guterres destacou a importância da adopção de soluções africanas para enfrentar os desafios do continente, particularmente nas áreas da transformação económica, segurança, saúde, transição verde e inteligência artificial. O Primeiro-Ministro somali, Hamza Abdi Barre, sublinhou que a paz e a estabilidade são fundamentais para o desenvolvimento sustentável em África, apelando a maiores esforços para fortalecer as instituições estatais, aumentar as capacidades governamentais para combater o terrorismo e abordar as causas profundas dos conflitos. Por último, o ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, Tete António, observou que os temas do fórum reflectem as prioridades do seu país durante a actual presidência da União Africana, particularmente na resolução de conflitos, na promoção da integração económica e na intensificação da acção colectiva para enfrentar os desafios comuns.
