O Cairo pretende consolidar o papel da UE como “parceiro fundamental” na reconstrução do território palestiniano, enquanto Bruxelas pretende obter um assento no futuro Conselho da Paz responsável por supervisionar a governação de Gaza
Realiza-se hoje em Bruxelas a primeira cimeira oficial entre o Egipto e a União Europeia, que reunirá o presidente egípcio Abdel Fattah al Sisio Presidente da Comissão Europeia Úrsula von der Leyen e o Presidente do Conselho Europeu António Costa. A reunião assinala um marco importante na implementação da parceria estratégica abrangente assinada em Março de 2024 e centrar-se-á no reforço da cooperação política e económica, bem como na resolução de grandes crises regionais. De acordo com o comunicado do Conselho da UE, os temas da estabilização económica do Egipto, da gestão dos fluxos migratórios, da segurança regional e da reconstrução da Faixa de Gaza, bem como das questões globais relacionadas com a Ucrânia e o comércio internacional, estão no centro das conversações.
Durante a cimeira, espera-se a assinatura de um novo pacote de empréstimos de mais de 4 mil milhões de euros a favor do Cairo, destinado a apoiar as reformas estruturais e o programa de estabilização económica lançado pelo governo egípcio. O acordo faz parte de um pacote de financiamento europeu mais amplo de 8 mil milhões de euros, distribuídos por vários anos, que inclui investimentos nos setores do comércio, infraestruturas e transição energética. A União Europeia é hoje o principal parceiro económico do Egipto: representa aproximadamente 27 por cento do comércio externo do país e 32 por cento dos investimentos estrangeiros directos, equivalentes a 14,1 mil milhões de dólares. Mais de 8 mil empresas europeias operam permanentemente no Egito.
Um diplomata europeu no Cairo sublinhou que “o Egipto é um parceiro chave e estratégico”. “Ajudá-lo a superar as dificuldades económicas é parte integrante do nosso objetivo de fortalecer as relações bilaterais”, acrescentou a fonte. A nível político, a questão de Gaza será uma das prioridades da cimeira. O Cairo pretende consolidar o papel da UE como “parceiro fundamental” na reconstrução do território palestiniano, promovendo a criação de um comité administrativo da Autoridade Nacional Palestiniana para a gestão da passagem de Rafah.