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Cybertech: concluída a oitava edição da exposição romana, especialistas discutiram o desenvolvimento da IA ​​e a posição europeia

No Centro de Congressos “La Nuvola”, o evento reuniu líderes institucionais, representantes de grandes empresas de tecnologia, forças de segurança e mundo acadêmico

Os trabalhos da oitava edição do Cybertech Europe 2025, hoje um evento de referência internacional em cibersegurança, inteligência artificial (IA) e defesa digital, terminaram hoje em Roma. No centro de conferências “La Nuvola”, o evento reuniu líderes institucionais, representantes de grandes empresas tecnológicas, forças de segurança e mundo académico – houve também Mike Pompeo, ex-secretário de Estado dos EUA e ex-diretor da CIA – para discutir os novos desafios colocados pela evolução tecnológica e as ameaças crescentes no ciberespaço. Entre os temas centrais dos dois dias de trabalho, destacam-se a “dupla utilização” da cibersegurança no mundo civil e militar – mas também em referência à necessidade de abordar a sua utilização para fins defensivos legítimos ou para ataques maliciosos – e a posição da Europa no setor. As diversas intervenções realçaram a necessidade de equilibrar as tecnologias de cibersegurança que podem ser utilizadas tanto para fins civis como militares, tendo em conta os problemas que podem causar às infraestruturas críticas de um país.

Foi também reiterada a importância de compreender como utilizar a IA como ferramenta de apoio, garantindo ao mesmo tempo a capacidade de identificar e combater as ameaças cibernéticas decorrentes da utilização maliciosa desta tecnologia. Especialistas citaram o uso da IA ​​por organizações terroristas e em conflitos para espalhar notícias falsas, propaganda e desinformação, bem como para controlar e pilotar drones de combate, levantando preocupações de segurança global. Observou-se que a recolha massiva de dados e a utilização de algoritmos opacos (o problema da “caixa negra”) podem comprometer a liberdade de expressão e levar a decisões discriminatórias, como identificar uma pessoa como suspeita apenas com base em preconceitos algorítmicos, conduzindo também a riscos para os direitos humanos. Entre os palestrantes de hoje, Antonello Aurigemma, o presidente do Conselho Regional do Lácio sublinhou que a cibersegurança já não é “uma questão técnica reservada a especialistas, mas uma prioridade estratégica para a segurança nacional, a proteção das empresas, das instituições e dos cidadãos”. Neste cenário, afirmou, “o Lácio desempenha um papel de liderança: acolhe centros tecnológicos de excelência, centros de investigação, universidades e start-ups que trabalham todos os dias para tornar os nossos sistemas mais seguros e a nossa economia mais competitiva. Como instituição regional, afirmou a Aurigemma, “temos consciência de que a transição digital não pode ignorar a formação, a inovação sustentável e a colaboração constante entre o público e o privado. Só investindo nas competências, na investigação e nas novas gerações poderemos construir um ecossistema digital seguro, inclusivo e ao serviço das pessoas”.

Durante o primeiro dia da Cybertech, os oradores insistiram na necessidade de uma “resiliência cibernética sistémica”, capaz de integrar a segurança nacional, a proteção de dados e a competitividade económica. O protagonista da sessão inaugural foi o ex-secretário de Estado dos EUA, Pompeo, que lançou um forte apelo à unidade transatlântica. “A Europa não será capaz de o fazer sozinha. Não há hipótese”, disse o antigo chefe diplomático dos EUA, alertando que “se a Europa e os Estados Unidos decidirem seguir caminhos separados, iremos falhar a níveis épicos”. Pompeo definiu a relação entre os EUA e a UE como “intacta e destinada a durar mais do que qualquer um de nós”, sublinhando que os dois parceiros “partilham valores fundamentais, ao contrário do que acontece com a Rússia e a China”. No entanto, esclareceu, isto “não significa que não haverá divergências ou concorrência”. Pompeo alertou ainda que a corrida global pela IA “já está a remodelar a dinâmica geopolítica ligada à economia”, partilhando com outros oradores a opinião de que a Europa deve aumentar os investimentos no setor da cibersegurança. “O Partido Comunista Chinês investirá mais este ano do que a Europa numa década”, explicou ele, “e a dimensão desta economia mudará dramaticamente o poder a nível global nos próximos anos”.

Na frente operacional, ainda ontem, Ivano Gabrielli, diretor do Serviço de Polícia Postal e de Comunicações, sublinhou a necessidade de “fundir a lógica da cibersegurança com a da segurança antifraude” e “fortalecer a parceria entre o público e o privado” para combater eficazmente as fraudes digitais. O gestor também pediu um ajuste regulatório para o mundo das fraudes online, semelhante ao já adotado contra ataques cibernéticos. Do mundo dos seguros, Remo Marini, Diretor de Segurança do Grupo Generali Italia, indicou a computação quântica como a próxima fronteira da segurança cibernética, ilustrando a experiência do grupo com o algoritmo Qubo, que permite analisar redes complexas e avaliar riscos em tempo real. No primeiro dia de trabalho da Cybertech veio uma contribuição política do vice-ministro da defesa da Albânia Blerina Abrazhda, que convidou os países europeus a fazerem uma mudança de paradigma: “A Europa tem a obrigação estratégica de deixar de considerar a cibersegurança como um obstáculo. Ela deve tornar-se parte integrante da nossa doutrina operacional.”

Segundo os organizadores da Cybertech Europe, a edição deste ano regista um crescimento recorde de 20 por cento face a 2024. Num contexto em que as ameaças cibernéticas aumentam em número e complexidade – mais de 30 mil novas vulnerabilidades identificadas só em 2025, um aumento de 17 por cento – o encontro romano envia a mensagem de que a segurança digital é hoje uma questão estratégica de soberania nacional e de estabilidade global. A Cybertech Europe 2025 realiza-se sob o patrocínio de numerosos parceiros industriais – incluindo Palo Alto Networks, IBM, Cisco, Google, Eset, Trend Micro, Ntt Data, Fortinet, Accenture e Poste Italiane – confirmando a importância da cooperação entre os sectores público e privado.

Beatriz Marques
Beatriz Marques
Como redatora apaixonada na Rádio Miróbriga, me esforço todos os dias para contar histórias que ressoem com a nossa comunidade. Com mais de 10 anos de experiência no jornalismo, já cobri uma ampla gama de assuntos, desde questões locais até investigações aprofundadas. Meu compromisso é sempre buscar a verdade e apresentar relatos autênticos que inspirem e informem nossos ouvintes.