Você já viu uma caneca de unicórnio por aí? Ou aquele maiô fofíssimo de arco-íris com chifre único? Parece que vivemos em um mundo onde unicórnios desfilam não apenas em festas infantis, mas também na economia e nos aplicativos de namoro. Só que, pasme: a ciência acaba de derrubar o mito e trazer à tona uma verdade tão surpreendente quanto a existência de purpurina no fundo da nossa bolsa. Sim, unicórnios podem ter realmente vivido com os primeiros humanos – e estou falando de verdade!
Unicórnios: Dos Contos de Fada à Realidade Científica
Se até pouco tempo atrás unicórnio era sinônimo de criatura mágica, puramente inventada, e associada a arco-íris, sonhos e muito brilho, a realidade parece bem mais robusta (literalmente). Sequências genéticas e análises detalhadas têm nos mostrado que as “unicórnios” já existiram em carne, osso e, sobretudo, toneladas.
No folclore dos nossos tempos modernos, unicórnios acabaram se infiltrando em todos os espaços, muito além da imaginação das crianças. Eles estampam desde camisetas até nomes de startups que valem mais de um bilhão de dólares (sim, aquelas chamadas de unicórnios no mercado financeiro!). Até mesmo foi criado um perfil de parceiro que “é uma unicórnio” nos aplicativos. Moda eterna, não?
A Temida Licorne Siberiana
A resposta científica para a fantasia está na licorne siberiana, ou Elasmotherium sibiricum para os íntimos da paleontologia. Este impressionante animal era da família dos rinocerontes, mas diferente do seu parente atual, possuía uma única (e marcante) ponta no alto do crânio.
- Não tinha a elegância das versões ilustradas nos livros infantis.
- Pesava cerca de duas vezes mais que um rinoceronte moderno, alcançando até 5 toneladas.
- Seus rastros foram encontrados em vastas regiões, do Cazaquistão ao sudeste da Rússia, passando inclusive pela Ucrânia e, claro, as estepes siberianas.
Ou seja, era um gigante muito menos delicado que as criaturas fofinhas que habitam nosso imaginário fashion e geek.
Humanos e Unicórnios: Um Encontro nos Primórdios
A reviravolta aconteceu recentemente, graças à datação por carbono em vinte e três fósseis. De acordo com descobertas relatadas pela Discover Magazine, acreditava-se que o Elasmotherium sibiricum já não existia há 350.000 anos. Mas as análises corrigiram esse número para “apenas” 35.000 anos atrás.
Agora vem o grande plot twist darwiniano: o Homem de Neandertal teria aparecido há cerca de 300.000 anos. Ou seja, nossos ancestrais conviveram com as últimas licornes siberianas. Imagine a cena desses encontros – embora, justiça seja feita, provavelmente tenha faltado purpurina e arco-íris nesse relacionamento primitivo.
- Não se sabe exatamente o que levou à extinção das licornes siberianas.
- Alguns sugerem que os humanos as caçaram até fazê-las desaparecer.
- Mas a hipótese mais aceita aponta para mudanças climáticas: invernos rigorosos que eliminaram sua principal (e única) fonte de alimento, a grama.
Portanto, o desaparecimento dessas “unicórnios” foi mais uma transformação do que um fim absoluto.
Pseudo-extinção e a Herança dos Rinocerontes
Aliás, falar em extinção pode ser um pouco dramático demais. Técnicamente, o que ocorreu foi uma pseudo-extinção, já que a espécie deixou uma “filha” – o rinoceronte que conhecemos hoje. Os caminhos genéticos das duas linhagens separaram-se entre 43 e 47 milhões de anos atrás.
Mas a história tem seu lado melancólico: pelo menos quatro das cinco espécies atuais de rinocerontes estão ameaçadas de desaparecer, talvez se reunindo com suas primas licornes na lista de espécies eliminadas da superfície do planeta.
Então, antes de comprar aquela próxima camiseta de unicórnio, lembre-se: essas criaturas, ainda que diferentes das dos nossos sonhos coloridos, já foram bem reais e cruzaram caminhos com nossos antepassados. E quem sabe, preservar os “unicórnios” modernos – nossos rinocerontes – não seja a mais mágica de todas as missões?