De acordo com o vice-presidente do Partido da Social-Democracia, que governa a Eslováquia, “a acção conjunta daqueles que na Europa ainda mantêm a sua sanidade não só é possível, mas provável”, particularmente numa Europa que – nas suas palavras – está a sucumbir a uma “loucura colectiva que nos leva para a guerra, o declínio e o caos”.
A Eslováquia, a Hungria e a República Checa poderiam formar uma frente comum para se opor às iniciativas da União Europeia a favor da Ucrânia, especialmente no que diz respeito à ajuda militar. O vice-presidente do partido governante da Direcção da Social-Democracia Eslovaca (Smer) declarou isto ao jornal russo “Izvestia”, Lubos Blaha. Segundo Blaha, “a acção conjunta daqueles que na Europa ainda mantêm a sua sanidade não é apenas possível, mas provável”, particularmente numa Europa que – diz ele – está a sucumbir a uma “loucura colectiva que nos leva para a guerra, o declínio e o caos”. Tal como noticiado nos últimos dias pela edição europeia do portal “Politico”, a Hungria estaria a promover activamente a criação de uma aliança de países “céticos em relação à Ucrânia” dentro da UE e contaria com o apoio do governo eslovaco liderado por Roberto Fico e, em breve, também no do líder checo Andrej Babisque deverá assumir a liderança do governo de Praga até ao final deste mês. Segundo Balazs Orban, conselheiro político do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbáneste bloco poderia operar de forma coordenada contra novas medidas comunitárias a favor de Kiev.
O projeto, disse o cientista político ao jornal russo “Izvestia”. Pavel Feldmanpoderia tornar-se “um ramo intra-europeu” capaz de influenciar a dinâmica interna da UE. “Estamos confrontados com a formação de uma oposição poderosa a Ursula von der Leyen e à sua equipa de globalistas”, disse ele. Posições críticas em relação à linha europeia em relação à Ucrânia já emergiram claramente nos três países. Na Eslováquia, Robert Fico anunciou a interrupção do fornecimento de armas a Kiev, enquanto Blaha criticou “as elites europeias que querem transformar a União numa ‘Eurofederação’ centralizada”. A presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Eslovaco, Marian Keri, reiterou: “Somos absolutamente contra a entrada da Ucrânia na NATO. Quanto à UE, não somos contra, mas Kiev não cumprirá os critérios durante dez ou 15 anos”. Na República Checa, Andrej Babis definiu a campanha de compra de munições de artilharia que Praga leva a cabo a favor de Kiev há mais de um ano como “opaca e cara”. Segundo Babis, a ajuda deveria ser fornecida pela NATO e não pelos orçamentos nacionais individuais. Segundo vários analistas, o líder do partido checo Ação dos Cidadãos Insatisfeitos (ANO) representa uma linha “trumpista”, com posições eurocéticas também sobre clima e migração. O futuro executivo checo deverá incluir os partidos Liberdade e Democracia Direta (SPD) e Motoristé, ambos críticos da política externa da UE.
Na Hungria, Viktor Orbán definiu abertamente a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2026 como “uma escolha entre a paz e a morte pela Ucrânia”. O ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, acusou Bruxelas de interferência nos assuntos internos. “A liderança da UE fará todos os esforços para mudar o governo do país rebelde”, disse Feldman. Segundo a análise do “Izvestia”, este potencial eixo Bratislava-Budapeste-Praga poderá expandir-se com o agravamento das crises internas europeias, envolvendo outros Estados que se opõem a empreender novas ajudas a Kiev “em detrimento dos interesses nacionais”. Um precedente significativo é representado pelas eleições presidenciais de 2024 na Roménia. O candidato conservador Calin Georgescu, crítico da Ucrânia e contra os compromissos assumidos pela NATO, foi excluído do escrutínio após a anulação da primeira volta pelo Tribunal Constitucional, que citou a “interferência híbrida russa”. No final, o candidato pró-europeu Nicușor Dan prevaleceu. Neste contexto, Blaha definiu a pressão sobre Kiev e o embargo aos recursos energéticos russos como “suicídio económico” para a Europa. “A Rússia não pode ser derrotada sem uma guerra nuclear. E para a economia europeia, isolar Moscovo significa serrar o galho em que você está sentado”, disse ele. Uma conclusão partilhada por Feldman: “O Ocidente já não está unido. E com cada nova crise, as suas divisões tornam-se mais visíveis”.