A nomeação de Noureddine Daoudi para o comando da empresa nacional de hidrocarbonetos Sonatrach, em substituição de Rachid Hachichi, representa o sinal mais forte desta nova fase económica
A recente mudança no topo das principais empresas públicas argelinas, incluindo a Sonatrach, a Madar e a empresa de águas Seaal, insere-se na estratégia de modernização e abertura económica lançada pelo presidente Abdelmadjid Tebboune após a remodelação governamental em meados de Setembro, com o objectivo de reforçar a transparência, a eficiência da gestão e a atractividade para os investidores estrangeiros. A nomeação de Noureddine Daoudi à frente da empresa nacional de hidrocarbonetos Sonatrach, substituindo Rachid Hachichi, representa o sinal mais forte desta nova fase económica. Durante a cerimónia de inauguração, o Ministro dos Hidrocarbonetos e Minas, Mohamed Arkab, sublinhou “a importância estratégica de uma transição rápida e estável” no topo do principal motor económico do país. Daoudi, com mais de trinta anos de experiência no sector, herda um plano estratégico de 60 mil milhões de dólares até 2029, destinado à expansão das actividades de exploração e produção, ao desenvolvimento da petroquímica e ao fortalecimento da infra-estrutura de exportação de gás natural, principal fonte de divisas da Argélia.
Em paralelo, Adel Khman foi nomeado Presidente do Conselho de Administração do Grupo estatal Madar, em substituição Charaf-Eddine Amara. Activo nos sectores alimentar, têxtil e industrial, o Madar é considerado um dos mais importantes conglomerados económicos públicos do país, com participações estratégicas em inúmeras empresas públicas e privadas. Segundo fontes da empresa, a nomeação de Khman insere-se num processo mais amplo de reorganização interna que visa reforçar a governação, a rentabilidade e a capacidade competitiva do grupo, em linha com as directivas governamentais e com o objectivo de apoiar a diversificação da produção e a modernização da gestão do tecido industrial nacional.
Na frente de serviços públicos, Mohamed Reda Boudab, foi nomeado novo diretor-geral da Companhia de Águas e Purificação de Argel (Seaal), sucedendo Lyes Mihoubi. Formado pela Universidade de Ciência e Tecnologia Houari Boumediene, com mestrado em administração de empresas, Boudab tem mais de vinte anos de experiência nos setores hídrico e ambiental. A sua nomeação ocorreu durante cerimónia presidida pelo presidente do conselho de administração Hocine Zaïr, reflete a vontade do governo de garantir a continuidade e a inovação de um serviço público essencial, melhorando a qualidade do abastecimento de água e promovendo soluções sustentáveis em benefício da população.
As nomeações de Daoudi, Khman e Boudab fazem parte da remodelação governamental anunciada em 15 de Setembro, que levou à criação de dois novos ministérios distintos: o dos Hidrocarbonetos e Minas, liderado por Mohamed Arkab, e o da Energia e Energias Renováveis, confiado a Mourad Adjal, ex-CEO da Sonelgaz. A separação das carteiras energéticas, medida inédita na história da Argélia, responde à necessidade de especializar a gestão dos setores fósseis e renováveis, com o objetivo de acelerar a transição energética e consolidar o papel de Argel como ator estratégico nos mercados regionais e europeus.
Segundo os analistas da “Tsa Algerie” e da “Algerie 360”, o conjunto de reformas em curso reflecte a vontade do Presidente Tebboune de reestruturar profundamente a governação económica e fortalecer a credibilidade internacional do país. A modernização das empresas públicas e a escolha de gestores com perfis técnicos e orientação para o mercado representam, nesta perspetiva, uma alavanca estratégica para atrair capital estrangeiro e relançar a cooperação com os principais parceiros, incluindo Itália, China e os países do Golfo. O quadro económico é completado pelas reformas institucionais e regulamentares em curso: a revogação da regra dos 51/49 por cento em vários sectores estratégicos, a criação da Agência para a Promoção de Investimentos (Aapi) e a adopção do novo Código de Investimento, que garantem maior transparência e segurança jurídica aos operadores internacionais.
