Quem nunca quis dar o troco nos insuportáveis telefonemas dos telemarketings que atazanam a vida do cidadão de bem? Pois um aposentado bretão, sem celular nem e-mail, resolveu transformar esses momentos em um show de criatividade — deixando vendedores e golpistas completamente sem reação.
Quando o telefone toca (ou atormenta…)
A história é digna de aplausos: morador de La Richardais, perto de Dinard (Ille-et-Vilaine), Georges — como é chamado esse protagonista anônimo do alívio cômico — está farto da enxurrada de ligações abusivas. Ele não é homem de deixar o aborrecimento vencer: ao contrário, preferiu responder com bom humor e uma pitada de teatralidade.
Sem celular ou e-mail (um autêntico resistente do século XXI!), Georges não tem escolha. Por pura precaução, atende todas as ligações, sejam elas de amigos, de bancos… ou, claro, dos infames operadores teimosos de telemarketing. Mas ao invés de simplesmente desligar, como fazem muitos — ou de nunca mais chegar perto do telefone, arriscando perder ligações importantes —, ele decidiu inovar com improvisações dignas de Oscar.
Inventividade de sobra: histórias pra ninguém botar defeito
Desde maio de 2019, Georges registra cuidadosamente todos os números desconhecidos — impressionantes 1.700 até agora. Seu objetivo? Não apenas colecionar troféus, mas também, de vez em quando, envolver o telemarketing em conversas sem sentido, desconcertando quem insiste do outro lado da linha.
- Em uma ligação que prometia uma suposta “formação pelo CPF” (o Compte Personnel de Formation na França), com claros ares de golpe, Georges resolveu encarnar um personagem… inusitado.
- Disse estar interessado, que era um comerciante atravessando a Espanha até Algeciras, e depois partia rumo a Marrakech “para buscar a mercadoria”. Ou seja, que era traficante de drogas. Resultado? O operador desligou na mesma hora.
- Nem só de grandes cenas vive Georges: às vezes, ataca com piadas rápidas. Um dos seus truques foi fingir que a empresa já havia ligado antes, por meio da famosa Sarah… Sarah Croche (trocadilho infame, mas vai resistir sem rir?).
É claro que nem todos apreciam o humor de Georges. Não raro, algum operador mais sensível se sente passado para trás, solta insultos ou até ameaça, dizendo que sabe onde Georges mora. Não é fácil ser o espírito livre da resistência!
Da diversão ao ativismo
A iniciativa de Georges não ficou apenas na brincadeira telefônica. Demonstrando senso de cidadania, ele enviou a lista completa dos números que colecionou ao deputado Jean-Luc Bourgeaux, de Saint-Malo. O objetivo? Contribuir com a elaboração de uma lei voltada a restringir e organizar melhor o telemarketing — alívio aguardado por milhões de franceses.
No final das contas, a saga deste aposentado é sobre coragem para não perder o bom humor, capacidade de inverter o jogo e, de quebra, prestar um serviço público.
Rir é resistir (e denunciar também)
Há muitas maneiras de reagir à invasão do telemarketing na vida privada:
- Desligar sem dó assim que percebe o golpe;
- Ignorar chamadas, mesmo que corra o risco de perder algo importante;
- Ou, quem sabe, entrar no roteiro bem-humorado de Georges e devolver a paciência — ou a falta dela — na mesma moeda (mas cuidado com os limites do humor… nem todo mundo tem jogo de cintura!).
A lição? Se a próxima ligação insistente for para você, talvez valha um teste: e se devolvermos, nem que seja só hoje, ao menos um pouco do desconcerto que essas empresas tanto distribuem? Quem sabe algum Georges escondido em nós não desperte, mudando a relação com o próprio telefone — nem que seja só para rir das tragédias do cotidiano.