As questões económicas, energéticas e migratórias também estiveram no centro da reunião bilateral realizada em Bruxelas, com a formalização do pacote de assistência macrofinanceira de 4 mil milhões de euros
A União Europeia e o Egito reafirmaram hoje, durante a primeira cimeira bilateral em Bruxelas, o seu “firme compromisso com uma paz duradoura e sustentável baseada na solução de dois Estados, em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Declaração de Nova Iorque”. É o que lemos na declaração conjunta publicada no final da cimeira, que representa uma etapa significativa no reforço da parceria estratégica entre Bruxelas e o Cairo. No centro do trabalho, além da crise no Médio Oriente, estão as questões económicas, energéticas e migratórias, com a formalização do pacote de assistência macrofinanceira de 4 mil milhões de euros, parte de um programa de apoio mais amplo de 7,4 mil milhões de euros, anunciado em Março de 2024 para apoiar as reformas económicas egípcias.
No documento conjunto, os líderes europeus e o presidente egípcio Abdel Fattah para Sissi reiteram a sua condenação da “violência dos colonos e da expansão dos colonatos israelitas, que são ilegais ao abrigo do direito internacional”, e rejeitam “qualquer tentativa de anexação ou deslocação, forçada ou não, de palestinianos de qualquer parte do território ocupado”. O Egipto e a UE também afirmam estar empenhados em apoiar a Autoridade Nacional Palestiniana e o seu programa de reformas, apoiando a criação de “um comité palestiniano temporário, tecnocrático e apolítico” e reiterando “a importância de unificar Gaza e a Cisjordânia sob a AP”. O Hamas, diz o texto, “deve acabar com o seu domínio sobre Gaza, em linha com a política da Autoridade Palestiniana de um Estado, uma lei, um governo, uma arma”.
Os dois parceiros também reafirmaram o seu compromisso com a reconstrução e recuperação da Faixa de Gaza, através de uma conferência internacional a ser organizada pelo Egipto assim que for alcançado um cessar-fogo duradouro, e através do Grupo de Doadores Palestinianos. Além do capítulo do Médio Oriente, a cimeira abordou vários outros temas estratégicos. Na frente económica, a UE e o Egipto confirmaram o seu objectivo de reforçar os investimentos e as reformas estruturais para melhorar o clima empresarial e atrair capital estrangeiro. Foi criado um mecanismo de investimento UE-Egito para mobilizar até 5 mil milhões de euros até 2027 através do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Sustentável.
Foi também reservado um amplo espaço para a transição energética e digital, com a confirmação da iniciativa Trans-Mediterranean Energy and Clean Tech Cooperation (T-med) e a assinatura do acordo que permite ao Egipto participar plenamente no programa europeu Horizonte Europa, abrindo o acesso a projectos conjuntos de inovação e tecnologia para investigadores egípcios. A cimeira também reafirmou a colaboração em matéria de migração e segurança, elogiando os esforços do Cairo para acolher os refugiados e combater o tráfico de seres humanos. A UE reconhece a importância da adoção da lei nacional de asilo de 2024, em conformidade com a Convenção de Genebra, e atribui 200 milhões de euros para reforçar a governação da migração egípcia no período 2024-2027.
Por último, o documento sublinha o desejo de intensificar o diálogo político e a cooperação no Mediterrâneo, promovendo o desenvolvimento sustentável, a protecção do património cultural e o papel da sociedade civil. “A Cimeira de Bruxelas representa um marco importante na implementação da Parceria Estratégica entre a União Europeia e o Egipto”, lê-se na declaração conjunta. O acordo, continua o texto, “baseia-se em valores partilhados e interesses comuns para a estabilidade, a paz e a prosperidade na região do Mediterrâneo”. A próxima cimeira UE-Egito terá lugar no Cairo, em 2027.