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A relação entre a UE e a administração Trump no centro da conferência “Desafios Transatlânticos”

Ministro Tajani: “A Europa não pode ficar com sono na área da segurança transatlântica e deve investir mais na defesa”

A Europa deve permanecer unida e parecer unida na sua relação com os Estados Unidos, especialmente na frente da segurança. Foi o que surgiu durante a conferência “Europa-EUA 2025, Desafios Transatlânticos”, que se realizou esta manhã no Senado e que contou com a participação de políticos, diplomatas e especialistas em relações internacionais. Poucos dias após a posse do novo presidente dos EUA, Donald Trump, e com duas guerras ainda em curso, na Ucrânia e no Médio Oriente, as relações transatlânticas devem permanecer fortes porque os Estados Unidos e a Europa “são as duas faces da mesma moeda, que é o Ocidente”, explicou o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Antônio Tajani. Entre os temas que estiveram no centro do debate estavam sobretudo o comércio e a defesa. A Europa “não pode ter sono” no domínio da segurança transatlântica e deve “investir mais na defesa”, continuou Tajani, segundo quem também do ponto de investimento a Europa “deve desempenhar o seu papel, para ser mais credível e politicamente mais forte”. Para a Itália “é impossível atingir 5 por cento” do PIB a ser destinado à defesa, “mas estamos a fazer grandes esforços para chegar a 2 por cento”, observou o ministro, lembrando que o nosso país, “depois dos Estados Unidos, é o segundo que fornece mais pessoal às missões da NATO”, com o compromisso de “ser protagonistas da política ocidental” também sob a égide das Nações Unidas, acrescentou.

Mesmo do ponto de vista comercial, com a ameaça de tarifas a pairar sobre a União Europeia, “precisamos de encontrar um ponto de encontro e evitar uma guerra comercial”, e é também por isso que o Primeiro-Ministro, Giorgia Meloni – o único líder europeu presente na tomada de posse de Donald Trump em 20 de janeiro – “fez bem em desempenhar um papel de ponte” entre a nova administração dos EUA e a Europa, continuou Tajani. Entretanto, 2025 começou com um novo presidente para os Estados Unidos e duas guerras ainda activas na frente internacional: no Médio Oriente e na Ucrânia. 2025 “é um ano decisivo” para delinear as novas “estruturas geopolíticas e geoeconómicas a nível global – sublinhou o Ministro dos Negócios e do Made in Italy, Adolfo Urso -. A guerra ronda a Europa e temos de compreender como lidar com estes acontecimentos”, que realçaram algumas das “fragilidades” da NATO. “Hoje somos chamados a construir um novo mundo transatlântico” que conduza a “uma rede de cooperação na gestão dos recursos” e “devemos fazê-lo” porque “estamos na presença de uma guerra híbrida”, como fica evidente pelo que está a acontecer na Ucrânia e no Médio Oriente, mas também através da utilização de outras ferramentas, “da desinformação à guerra económica e comercial”, destacou.

Entretanto, dentro de alguns meses (de 24 a 25 de Junho) os chefes de estado e de governo dos 32 membros da NATO reunir-se-ão em Haia, nos Países Baixos, para a cimeira NATO 2025, que será liderada pela primeira vez pelo novo General Secretário, Marcos Rutte. Entre os temas em discussão estará também o dos gastos com defesa “e talvez concordemos em torno dos 3 por cento, o que não é estranho” dado que “a situação geopolítica é complexa” e que “65 por cento dos custos das despesas da NATO estão os ombros dos Estados Unidos e 35 por cento são pagos pelos europeus”, enquanto “a segurança internacional mudou”, sublinhou o presidente do Comité Atlântico Italiano, Fabrício Lucioli. A comparação entre Donald Trump e os líderes europeus “tem uma dificuldade para estes últimos, que consiste em ter dificuldade em acompanhar as inovações e novidades”, disse o presidente do grupo parlamentar Fratelli d’Italia no Senado, Lucio Malan, falando no evento. “Há uma tendência para ficar um pouco atrás, até em relação à realidade” e “por isso precisamos de conseguir estar atualizados, com um presidente que prometeu ser muito inovador”, acrescentou Malan.

Em qualquer caso, quer estejamos a falar de defesa ou de segurança – seja ela comercial, energética ou tecnológica – as raízes que unem a Europa e os Estados Unidos “não serão danificadas ou eliminadas independentemente da evolução do ambiente político dos EUA”, mas sim “ o ponto principal é continuar a construir, com base nos pilares já lançados e que são certos”, concluiu o presidente da Comissão de Políticas Europeias do Senado da República, Giulio Terzi de Sant’Agata.

Beatriz Marques
Beatriz Marques
Como redatora apaixonada na Rádio Miróbriga, me esforço todos os dias para contar histórias que ressoem com a nossa comunidade. Com mais de 10 anos de experiência no jornalismo, já cobri uma ampla gama de assuntos, desde questões locais até investigações aprofundadas. Meu compromisso é sempre buscar a verdade e apresentar relatos autênticos que inspirem e informem nossos ouvintes.