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Madagáscar: o parlamento não vota confiança em Rajoelina, a unidade especial do exército Capsat assume o poder

A presidência denuncia tentativa de golpe do exército, “Rajoelina continua no cargo”

O Corpo de Pessoal e Serviços Administrativos e Técnicos do Exército (Capsat), a unidade especial do exército que se aliou aos manifestantes em Madagáscar, anunciou que tinha tomado o poder e formado um comité militar que “com o tempo” também poderia acolher civis. Numa mensagem lida em directo na televisão, o Coronel Michael Randrianirina, comandante da Capsat, anunciou a criação de um comité composto por oficiais do exército, da gendarmaria e da polícia nacional, encarregado de dirigir o país após a destituição do Presidente Andy Rajoelina. “É esta comissão que dará continuidade ao trabalho da presidência”, afirmou o coronel Michael Randrianirina, comandante da Capsat, numa mensagem lida em direto pela televisão. “Talvez, com o tempo, o comité inclua também conselheiros civis seniores”, acrescentou.

O Presidente Rajoelina já tinha anunciado a dissolução da Assembleia Nacional, que se preparava para considerar uma moção de impeachment. Pouco depois desta decisão, os deputados continuaram a sessão e tomaram nota do vazio de poder, acreditando que o chefe de Estado tinha deixado o país por razões de segurança. Dos 131 parlamentares presentes, 130 votaram pelo impeachment do presidente, com apenas uma abstenção. Entre os eleitores estavam também membros do grupo parlamentar de Rajoelina. O vice-presidente da Assembleia Nacional, Siteny Randrianasoloniaiko, no entanto, denunciou o decreto de dissolução como “não tendo valor jurídico”, citando a “ausência de assinatura e carimbo oficial” do presidente.

A Presidência da República, entretanto, condenou o que chamou de “uma clara tentativa de golpe de estado” depois de o exército, liderado pelo Corpo de Pessoal e Serviços Administrativos e Técnicos do Exército (Capsat), ter invadido o palácio presidencial e proclamado o nascimento de um “conselho militar”, apresentando-se como a nova autoridade suprema do país. Num comunicado de imprensa, a presidência denunciou “um grave ataque à legalidade republicana” e lembrou que “Madagascar é um estado de direito consagrado na Constituição”, sublinhando que “nenhum poder pode ser adquirido pela força ou fora das regras constitucionais”. Segundo o texto, estas ações constituem “uma violação flagrante da Constituição, dos princípios democráticos e do juramento das Forças Armadas de proteger a nação e as suas instituições legítimas”. O comunicado refere que o chefe de Estado, Andry Rajoelina, “permanece plenamente no cargo e garante a manutenção da ordem constitucional e da estabilidade nacional”.

Beatriz Marques
Beatriz Marques
Como redatora apaixonada na Rádio Miróbriga, me esforço todos os dias para contar histórias que ressoem com a nossa comunidade. Com mais de 10 anos de experiência no jornalismo, já cobri uma ampla gama de assuntos, desde questões locais até investigações aprofundadas. Meu compromisso é sempre buscar a verdade e apresentar relatos autênticos que inspirem e informem nossos ouvintes.