A cerimónia terá lugar no Palácio do Estado de Ambohidahy, sede do Supremo Tribunal Constitucional, em Antananarivo.
O Coronel Michael Randrianirinao novo homem forte de Madagáscar após a destituição do Presidente Andry Rajoelina, será empossado amanhã como “presidente da refundação da República de Madagáscar”. O anúncio foi feito num comunicado assinado por ele e publicado ontem à noite na página do Facebook da televisão nacional malgaxe. A cerimónia terá lugar no Palácio do Estado de Ambohidahy, sede do Supremo Tribunal Constitucional, em Antananarivo. Na terça-feira passada, depois de ocupar o palácio presidencial e ser proclamado “presidente interino”, Randrianirina anunciou a formação de um comité militar composto por oficiais do exército, da gendarmaria e da polícia nacional e a suspensão de todas as instituições constitucionais, com exceção da câmara baixa do parlamento, que na terça-feira passada votou pelo impeachment de Rajoelina. Randrianirina, de 51 anos, foi governador da região de Androy, no extremo sul de Madagáscar, entre 2016 e 2018, depois de liderar o batalhão de infantaria Tulear na região vizinha de Atsimo Andrefana. Não poupando críticas à presidência de Rajoelina, Randrianirina esteve encarcerada entre Novembro de 2023 e Fevereiro de 2024 na prisão de Tsihafay, a sul de Antananarivo, por “incitar um motim militar com vista a um golpe de Estado”. Ele foi então condenado a um ano de prisão suspensa por “colocar em risco a segurança do Estado”.
A nova junta militar liderada por Randrianirina terá agora de se concentrar na legitimação da sua tomada do poder. Trata-se de um exercício extremamente delicado, que esteve no centro das discussões de ontem à noite com os juízes do Tribunal Constitucional. Os riscos são elevados: convencer a comunidade internacional e os doadores de que não se trata de um golpe de Estado – como denunciou abertamente Rajoelina, que continua a definir-se como o presidente em exercício – evitando assim a suspensão de financiamentos e projectos essenciais para o desenvolvimento do país. O Coronel Randrianirina também pretende nomear um novo primeiro-ministro, que será responsável pela formação de um governo civil. Ele também anunciou que as eleições serão realizadas dentro de 18 a 24 meses, no máximo, e que o comitê militar “com o tempo” também poderá receber civis. Entretanto, ontem a União Africana anunciou a suspensão de Madagáscar do órgão, especificando que a decisão tem efeito imediato.