Várias empresas bielorrussas já operam na Líbia, especialmente no leste do país, nos domínios da agricultura e da construção de infra-estruturas militares
O Vice-Comandante-em-Chefe do Exército Nacional da Líbia baseado na Cirenaica, Saddam Haftarfez visita oficial a Minsk, capital da Bielorrússia, onde foi recebido pelo presidente Alexandre Lukashenko. Uma nota da parte líbia especifica que as duas partes discutiram o fortalecimento das relações bilaterais e da cooperação em vários sectores estratégicos, com especial atenção para a esfera militar. As conversações abrangeram também a colaboração económica e os investimentos conjuntos, promovendo parcerias nos sectores das infra-estruturas, da indústria e da agricultura, com o objectivo de apoiar a reconstrução e o desenvolvimento sustentável da Líbia. Vale a pena mencionar que várias empresas bielorrussas já operam na Líbia, especialmente no leste do país, nos domínios da agricultura e da construção de infra-estruturas militares. A cooperação entre Minsk e Benghazi também se intensificou a nível militar, com programas de formação de pilotos líbios, fornecimento de armamento e mísseis guiados e formação técnica de unidades especiais.
A visita de Saddam Haftar, filho do comandante-em-chefe do ENL, Marechal Khalifa Haftarinsere-se na consolidação progressiva das relações entre a Cirenaica e a Bielorrússia, já reforçadas em Julho passado com a assinatura em Minsk de uma série de acordos estratégicos pelo governo de Osama Hamadreconhecido pela Câmara dos Representantes em Tobruk (mas não pelas Nações Unidas e pela União Europeia). Os acordos abrangem os sectores da saúde, agricultura, indústria, assuntos internos e gestão de emergências, e incluem projectos como a renovação do porto de Tobruk e a construção de uma nova refinaria de petróleo. Ao mesmo tempo, centenas de soldados líbios estão a frequentar cursos de formação na Bielorrússia, que vão desde a utilização de drones e veículos blindados até à utilização de caças MiG-29 de fabrico russo, já fornecidos às forças de Haftar.
Em Maio, o governo de Benghazi também aboliu os vistos e os impostos de residência para os cidadãos bielorrussos, introduzindo um regime de reciprocidade que também permite aos líbios entrar livremente na Bielorrússia. A medida, de facto, facilita o acesso à Federação Russa, com a qual Minsk mantém um acordo de fronteira aberta, fortalecendo assim a integração da Cirenaica no sistema de alianças promovido por Moscovo. A parceria entre Benghazi e Minsk estende-se também às esferas religiosa e cultural. No final de Setembro o mufti da Bielorrússia Abubakr Shabanovichchegou a Benghazi a convite do primeiro-ministro “oriental” Hamad, acompanhado pelo seu vice Rustam Hasanovich. O encontro com representantes dos ministérios líbios dos Assuntos Religiosos e da Cooperação Internacional teve como objectivo promover o diálogo inter-religioso e a cooperação cultural, o que se concretizou também com o envio de 3 mil exemplares do Alcorão à comunidade islâmica bielorrussa.
