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Produtores pedem “ajuda externa” para evitar desertificação do montado de sobro

Escrito por em 2 de Junho, 2023

A Associação de Produtores Florestais do Vale do Sado (Ansub) alertou hoje para as alterações que o montado de sobro tem vindo a sofrer devido à falta de chuva e ao aumento das temperaturas médias e pediu “ajuda externa” para o setor.

“Além da falta de chuva há outra alteração climática que é o aumento das temperaturas médias que tem sido avassalador nos últimos tempos e isso provoca reações nas árvores, sendo necessário adaptar o montado a essas alterações”, avançou o presidente da Ansub, Pedro Silveira.

Em declarações à rádio M24, à margem do colóquio “Valorização da Cortiça e do Montado”, promovido pela Caixa de Crédito Agrícola da Costa Azul, no Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém, o responsável explicou que para alterar o atual cenário é necessário “usar as melhores práticas ao nosso dispor”.

“O problema é que essas boas práticas custam muito dinheiro e pensamos que não cabe aos produtores, que não foram os causadores das alterações climáticas, pagarem do seu bolso esse dinheiro. Além disso, para pagarem esse dinheiro as culturas deixavam de ter rentabilidade, portanto, é uma equação que só se poderá resolver com ajuda externa”, defendeu.

No entender do dirigente, “há um desinteresse completo pela área extensiva de sequeiro do Alentejo” que “não está claramente na agenda do Governo”.

“Normalmente o que aparece nas televisões são os fogos florestais, como conseguimos ter uma área ardida relativamente baixa isso não aparece na televisão, e para o Governo não somos um problema, o que é lamentável porque realmente temos um problema muito grave e que pode acabar com a desertificação completa de um grande território”, considerou.

Para evitar a desertificação deste território, a associação de produtores defendeu a criação de um Programa Integrado de Apoio ao Montado que “já foi proposto ao Governo” e apresentado “publicamente” em maio no Porto, para o qual não houve respostas.

Segundo Pedro Silveira, a serra de Grândola, que é “uma das zonas mais conhecidas de produção de cortiça”, tem “perdido um capital brutal, em termos de montado, que tem sido dos mais atingidos em termos de mortalidade”.

De acordo com números apresentados pela Ansub durante o colóquio, a campanha de 2022, que foi fortemente impactada pelas condições climatéricas de seca, registou 600 mil arrobas de cortiça extraída dos sobreiros, sofreu uma quebra de cerca de 100 mil arrobas devido às alterações climáticas.

Durante o colóquio, José Carvalho, responsável pelo departamento dos serviços técnicos da caixa Agrícola da Costa Azul, manifestou a sua preocupação para com os montados da região, onde se verifica uma redução da produção, elevada mortalidade e perda de qualidade da cortiça.

Também o ex-diretor Regional de Agricultura do Alentejo, Miguel Freitas, em representação da Universidade do Algarve, defendeu que o país precisa de um Plano Nacional de Luta Contra a Desertificação e que o montado constitui-se como uma “grande barreira” na luta contra este fenómeno.


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