Faixa Atual

Título

Artista

Background

Presidente da Repsol defende competitividade da indústria europeia como motor de prosperidade

Escrito por em 14 de Maio, 2024

O presidente da Repsol, Antonio Brufau, defendeu na Assembleia Geral de Acionistas da empresa, a necessidade de fazer mudanças e repensar as políticas europeias, com o objetivo de alcançar uma Europa competitiva e em pé de igualdade com os Estados Unidos e a China.

Antonio Brufau apelou para que a Europa reaja à perda do seu peso industrial, lembrando que, em 2023, o PIB industrial da União Europeia situa-se em 17,5%, longe do objetivo de 20% fixado para 2020, enquanto nos Estados Unidos e na China está a crescer.

“A indústria é um motor fundamental da prosperidade económica e do bem-estar social da Europa. Este setor estratégico lidera o desenvolvimento tecnológico e a inovação, mas também se destaca pela sua capacidade de criar empregos de qualidade, pelo seu efeito de atração sobre outras áreas da economia e pelo impacto positivo na balança comercial”, acrescentou.

Na sua intervenção, o presidente da Repsol explicou que a perda de peso industrial se deve a um excesso de regulamentação complexa e a uma ênfase excessiva na sustentabilidade, sem ter em conta outros aspetos essenciais, como a garantia de abastecimento. Por outro lado, a China e os Estados Unidos promovem, protegem e incentivam as suas indústrias.

O presidente da Repsol considerou que a União Europeia deve continuar a liderar o processo de transição energética, mas colocando as políticas industriais na primeira linha das suas prioridades estratégicas: “O equilíbrio entre a segurança do aprovisionamento energético, a competitividade e a sustentabilidade, o trilema energético, é fundamental para o desenvolvimento e a prosperidade da nossa região”.

Como exemplo, apontou os preços da energia: em 2023, o preço da eletricidade para a indústria na Europa era 2,6 vezes mais caro do que nos Estados Unidos, e o preço do gás natural era 5,8 vezes mais elevado.

Antonio Brufau reconheceu que já há sinais de mudança no continente e que o novo mandato da União Europeia vai reativar as políticas para recuperar a competitividade da economia europeia em relação a outras regiões e reduzir o declínio industrial. Caso contrário, o tecido industrial continuará a perder-se e as emissões continuarão a ser exportadas para outras regiões.

“Nos próximos anos, veremos se a Europa continua a ser um mero recreio para a concorrência de outros atores ou se relançamos a nossa presença, revitalizando a nossa indústria e criando um verdadeiro mercado único. A transição para uma economia de baixo carbono não será fácil nem barata, mas é essencial”, afirmou.

O presidente da Repsol acrescentou que, para o conseguir, “é necessário um compromisso político a longo prazo para reindustrializar a Europa e poder competir em condições de igualdade com outras regiões, mas sempre no âmbito de uma transição energética que obtenha resultados efetivos na luta contra as alterações climáticas”.

Por sua vez, o CEO da Repsol, Josu Jon Imaz, no seu discurso aos acionistas, analisou o desempenho operacional e financeiro da empresa em 2023 e entrou na Atualização Estratégica 2024-2027, apresentada em fevereiro passado, depois de ter alcançado, dois anos antes do previsto, a maioria dos objetivos comprometidos no Plano Estratégico 2021-2025.

Josu Jon Imaz recordou que a atual estratégia estabelece um novo quadro de alocação de capital com três prioridades principais: melhorar a remuneração dos acionistas, manter a atual notação de crédito e um balanço sólido, e implementar um plano de investimento líquido entre 16.000 e 19.000 milhões de euros até 2027, dos quais mais de 35% serão afetados a iniciativas de baixo carbono.

O CEO da Repsol sublinhou que a política de remunerações da empresa – com o compromisso de destinar entre 25% e 35% do cash flow das operações – continua a ser uma das mais atrativas da bolsa espanhola e do setor. A Repsol distribuirá 4.600 milhões em dinheiro no período 2024-2027, uma remuneração que será completada com a recompra de ações até 5.400 milhões de euros.

Josu Jon Imaz passou em revista a estratégia que marcará o futuro dos negócios da empresa, destacando a importância da área Industrial, onde estão a ser lançadas as bases para transformar os seus complexos industriais em hubs multienergéticos, desenvolvendo plataformas de combustíveis renováveis e outras energias de baixo carbono.

Na refinaria de Cartagena, a empresa começou a produzir combustíveis 100% renováveis em grande escala, com um investimento de 250 milhões de euros e uma capacidade de produção de 250.000 toneladas por ano.

Neste sentido, Josu Jon Imaz afirmou que o imposto sobre as empresas energéticas, que “foi concebido como temporário e extraordinário”, penaliza o esforço necessário para transformar os complexos industriais em pólos multienergéticos e progressivamente mais descarbonizados.

Além disso, “penaliza as empresas que, como a Repsol, investem em ativos industriais, geram emprego e garantem a independência energética do país”.

No entanto, sublinhou o compromisso da empresa com o desenvolvimento industrial, o emprego de qualidade e as tecnologias de ponta.

O CEO da Repsol enumerou as prioridades de todas as áreas de negócio da empresa, sendo que na área de Exploração e Produção, o foco está na melhoria do portefólio para conseguir um negócio mais descarbonizado e com maior potencial de criação de valor.

O negócio de clientes continuará a crescer em utilizadores de eletricidade e gás e atingirá os 11 milhões de clientes digitais e no negócio de Geração de Baixo Carbono, serão atingidos entre 9.000 MW e 10.000 MW de capacidade instalada até 2027.

“Temos uma oferta multienergética digital e sustentável para os nossos clientes. Temos uma proposta de valor única, algo que não é facilmente igualado por outros concorrentes”, afirmou o responsável, acrescentando que a Repsol continuará “a oferecer todas as formas de energia de que a sociedade necessita” de “forma competitiva e cada vez mais sustentável e descarbonizada”.

Os acionistas, que aprovaram a gestão da empresa em 2023, aprovaram igualmente a proposta de um dividendo final de 0,5 euros brutos por ação – imputado aos lucros do exercício de 2023 – a pagar em 8 de julho e que será adicionado à remuneração paga em janeiro deste ano. O dividendo em dinheiro será assim aumentado em 29%, para 0,90 euros brutos por ação, em comparação com o ano anterior.

Os acionistas aprovaram igualmente a distribuição de um montante adicional de 0,45 euros brutos por ação a partir das reservas livres, que deverá ser distribuído em janeiro de 2025, em data a determinar pelo Conselho de Administração.

A Assembleia Geral de Acionistas deu igualmente luz verde a uma redução do capital social através do resgate de 40 milhões de ações próprias e à delegação no Conselho de Administração do poder de proceder a reduções adicionais de capital até um máximo de 121.739.605 ações próprias, equivalentes a 10% do capital social, a fim de dispor de maior flexibilidade no resgate de ações.

A estratégia de transição energética da empresa, submetida à Assembleia Geral a título consultivo e centrada na obtenção de emissões líquidas nulas até 2050, foi igualmente aprovada pelos acionistas.


error: www.radiom24.pt