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Movimento contesta projeto reformulado de central solar em Cercal do Alentejo

Escrito por em 14 de Julho, 2022

O Movimento Juntos pelo Cercal criticou hoje a reformulação de “pura cosmética” do projeto de construção de uma central solar naquela zona, no concelho de Santiago do Cacém, alertando para os prejuízos que vai causar.

“A reformulação, ao que parece, foi pura cosmética e destinou-se, não a dar resposta aos vários problemas que este projeto acarreta, ao nível da ecologia, da sustentabilidade, da socioeconomia, mas a dar a sensação de que o que estava mal, agora, foi corrigido”, afirmou o movimento.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o movimento cívico reagiu ao anúncio dos promotores da central solar, na semana passada, de que o projeto, já com ‘luz verde’ da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tinha sido reformulado.

“Esta tal ‘luz verde’ é dada sobre um projeto que já não é o mesmo que beneficiou de uma apreciação favorável, embora condicionada, por parte da APA. É sim um projeto reformulado, que ninguém conhece, com exceção do promotor e da própria APA”, criticou o Juntos Pelo Cercal.

No passado dia 08 de julho, em comunicado, a Aquila Clean Energy, empresa de energias renováveis do grupo Aquila Capital, revelou que a reformulação do projeto da Central Solar de Cercal do Alentejo foi feita na sequência da Declaração de Impacte Ambiental favorável, mas condicionada, emitida em 2021.

A APA já “deu a sua aprovação à versão revista da central solar”, após “alterações substanciais no projeto”, que envolve um investimento de cerca de 164 milhões de euros, adiantou.

Segundo a empresa, já “não será cortada nenhuma árvore para a instalação da central” e está prevista, pelo contrário, a plantação de 6.000 árvores e arbustos autóctones, além de ter sido aumentada a distância mínima dos módulos solares em relação às casas no local.

Mas, para o movimento, constituído por moradores e empreendedores ligados à freguesia de Cercal do Alentejo, em Santiago do Cacém, este anúncio “não é mais do que ‘atirar areia para os olhos’ de todos aqueles que se deixarem enganar”.

“Como se os problemas que este projeto comporta se resumissem ao afastamento das casas e ao abate de árvores. Infelizmente, os problemas são muito maiores e vão muito para além dos apontados”, argumentou o movimento.

O Juntos pelo Cercal referiu que “não houve avaliação de impacto ambiental sobre parte substancial do projeto, designadamente sobre a desflorestação que vai ocorrer”.

O uso do solo “vai ser completamente alterado e o processo de erosão, que já está em curso, irá transformar-se num processo de desertificação”, acrescentou, frisando que a biodiversidade também “vai ser afetada”.

“A Aquila não acautela nenhum destes aspetos, nem oferece soluções para os inúmeros prejuízos que vai causar às organizações turísticas locais”, sublinhou.

No comunicado, o movimento, que já intentou uma providência cautelar contra o projeto, em outubro de 2021, ainda sem decisão judicial, prometeu “continuar a usar todos os meios legais” para ‘travar’ a central.

Esta central solar, com uma capacidade instalada estimada de 275 megawatts (MW), deverá entrar em exploração em 2024 e fornecer energia limpa a 141 mil casas, através da produção de 596 gigawatts-hora (GWh) por ano, segundo a empresa promotora.


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