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Centro de Cria do Badoca Safari Park reproduz oito espécies de aves e répteis 

Escrito por em 12 de Novembro, 2022

O novo Centro de Cria do Badoca Safari Park, em Santiago do Cacém, conseguiu reproduzir, este ano, “oito espécies diferentes” de aves e répteis, algumas das quais “nunca tinham nascido” no recinto.

“Este ano reproduzimos oito espécies diferentes, algumas que nunca tinham nascido no parque e nasceram este ano, então, a meu ver, numa escala de zero a 10, a nossa taxa de sucesso foi entre sete a oito”, disse à agência Lusa um dos tratadores do centro, Luciano Vieira.

Aves como o abibe-de-máscara, a cucaburra ou o turaco-persa e répteis como a tartaruga sulcata e a tartaruga leopardo passaram a constar na lista do centro de criação, cujas novas instalações entraram em funcionamento “este verão” para melhorar as condições de reprodução em cativeiro.

“Perdemos algumas crias, mas só o facto de termos espécies que nunca tinham reproduzido no parque e os filhotes sobreviverem foi uma vitória. Abibes-de-máscara nunca tinha reproduzido no parque e, este ano, conseguimos 12 filhotes. A cucaburra também reproduziu e nunca tinha acontecido e não esperávamos tantos [exemplares de] turaco-persa como este ano”, adiantou.

A estas espécies, juntam-se outras, como o faisão prateado, o faisão venerado e o mutum (uma espécie de ave galiforme da família dos cracídeos).

No centro, os répteis e as aves “são observados durante os comportamentos de postura” e, quando se verifica falta de condições ideais, os tratadores retiram os ovos para “incubá-los às temperaturas e humidades necessárias”, explicou Ricardo Nogueira, outro dos tratadores.

O papel dos tratadores, considerados “quase pais” destes animais, divide-se entre o controlo da temperatura e da alimentação, que “têm de ser constantes”, principalmente, para as aves carnívoras, que “nascem sem penas” e, por isso, “mais dependentes” e “suscetíveis a pequenas alterações de temperatura”, vincou.

O centro de reprodução em cativeiro funcionava num espaço no Badoca Safari Park “muito mais pequeno e sem capacidade”, adiantou o jovem licenciado em engenharia zootécnica, dando como exemplo “a taxa de recuperação e de criação de crias que, há dois anos, foi muito reduzida”.

Os alimentos “das araras e dos papagaios têm de estar entre os 39 e os 42 graus porque podem ou não digerir ou até queimar o papo [das aves], portanto temos de ter extremo cuidado no tratamento e estar de olho neles para ver se estão a desenvolver-se bem e a ganhar peso”, exemplificou.

Já Miguel Batista, o tratador mais recente do centro, acredita que o trabalho que desenvolve diariamente “é não só físico, como mental”, porque cada morte “é uma derrota” para a equipa.

Por esta altura, no centro, estão “animais em tratamento”, como o pequeno agapornis personata, ave da família dos periquitos, que “estava a ser atacado por outros” da sua espécie, ou em gestação, como os ovos de tartarugas leopardo que foram retirados “dos progenitores” por serem “muito jovens e com a primeira postura”.

“A nossa preocupação é sempre com o casal inexperiente que pode não conseguir chocar os ovos ou, se os chocarem, não cuidarem dos filhotes como deveriam”, frisou Luciano Vieira.

Para simular o habitat africano, os ovos das tartarugas são colocados no interior da incubadora e ali permanecem durante “dois a três meses” até eclodirem.

“A temperatura é variável, consoante queremos machos ou fêmeas. Neste caso, temperaturas até 30 graus vão originar machos e, acima disso, vão originar fêmeas. Nos répteis funciona assim”, esclareceu Miguel Batista.

Num processo mais adiantado estão tartarugas sulcata e de leopardo que eclodiram no parque e, agora, partilham uma gaiola, onde passam os dias a comer pequenas folhas de couve e a receberem a atenção dos tratadores.

“Este ano nasceram as duas espécies do parque, as tartarugas sulcata e as tartarugas leopardo, ou seja a terceira e a quarta maiores espécies terrestres. Agora, têm alguns centímetros mas, em adultos, chegam a atingir os 70 a 80 quilos”, observou Ricardo Nogueira.

Apesar de estar longe da azáfama da primavera e do verão, quando há um maior número de nascimentos, o centro ainda serve de ‘abrigo’ a algumas crias de outras espécies ameaçadas pela desflorestação, caça e alterações climáticas que, no estado selvagem, “já deveriam [começar a] sair do ninho”.

No parque temático, na altura certa, umas vão seguir “para outras instalações”, por “troca ou cedência”, e outras serão “treinadas para as apresentações”.

Criado em 1999, o Badoca Safari Park é um parque natural com uma área de 90 hectares, localizado no litoral alentejano, que assumiu como objetivo “a conservação e preservação das espécies”, bem como a contribuição para “a sensibilização ambiental”.


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