Trabalhadores do Terminal XXI estão em greve há 4 dias para exigir aumentos salariais
Escrito por Helga Nobre em 15 de Agosto, 2019
Os trabalhadores do Terminal XXI, no porto de Sines, estão em greve há quatro dias para exigir aumentos salariais e reivindicar a integração de 80 trabalhadores que não renovaram contrato com a empresa PSA Sines que por sua vez diz que a “instabilidade social põe em risco todo o projeto”.
Os aumentos salariais têm vindo a ser negociados desde o final do ano passado mas segundo Joaquim Palheiro, do sindicato XXI, que convocou a paralisação, “a empresa pensou que os aumentos salariais deviam ser acompanhados por uma série de regras e de alterações ao acordo de empresa e é essa exigência que tem esticado este processo”.
A greve, às últimas 3 horas de cada turno, tem a duração de 13 dias estando previsto terminar às 00:00 do dia 24 deste mês, indicou o sindicato que fala numa “adesão de 95%” nos dois primeiros dias da paralisação.
“Temos sido responsabilizados pelos prejuízos devido às greves mas não referem o derrame que ocorreu [em abril deste ano] no Terminal que obrigou à paragem do porto quase 20 dias, e para esta situação não há culpados nem se consegue justificar”, afirmou.
Segundo o dirigente do sindicato, que representa os trabalhadores portuários do Terminal de Contentores, concessionado à empresa PSA Sines, as tabelas salariais “foram acordadas com facilidade” mas “dias depois a empresa apresentou novas exigências”, sendo “matéria relacionada com o acordo de empresa”.
“Tudo o que esteja relacionado com as tabelas salariais estamos na disposição de discutir e só depois de as tabelas estarem em vigor podemos avançar com a revisão do acordo de empresa que tem de ser feita”, disse.
O presidente do sindicato XXI reconheceu que inicialmente “o grau de exigência foi alto” mas, durante as negociações, foi possível acordar um aumento automático “de 7% ao ano”.
“O problema reside no facto de a empresa ter anexado à tabela, alterações ao acordo de empresa com uma série de agravantes que são prejudiciais para os trabalhadores”, acrescentou.
Por seu lado, em comunicado, a empresa PSA Sines, refere que “o aumento anual automático de 7% continua a ser algo de muito positivo” e atribui ao sindicato “novas e adicionais exigências” que “foram impossíveis de aceitar”.
Fonte da PSA Sines adiantou que a empresa, que empresa perto de mil trabalhadores, “respondeu que concordava com esta proposta na sua totalidade mas depois de ter aceite a proposta, surgiram novas exigências por parte do sindicato XXI, sendo que algumas conseguimos acomodar, mas outras foram impossíveis de atender”.
Além dos aumentos salariais, o sindicato exige ainda a “reintegração dos 80 trabalhadores dispensados pela PSA/Laborsines nos meses de junho e julho” e acusa a empresa de agravar o conflito “com o despedimento de mais 25 trabalhadores” que “souberam esta semana que no final do mês já não vão renovar o contrato”.
“Os contratos destes trabalhadores não foram renovados” devido “à quebra acentuada de volume” motivada “por diversas ocorrências, desde questões meteorológicas, de operação e de instabilidade social”, esclareceu a mesma fonte da PSA Sines.
“Como consequências deste conjunto de situações, os movimentos efetuados no Terminal XXI estão 25% abaixo do planeado, o que resultou na necessidade de ajustar o número de trabalhadores a contrato”, explicou a empresa que é atualmente o maior empregador privado do litoral alentejano.
“O impacto de duas greves” em 2019, no Terminal XXI, faz com que “mais movimentos sejam redirecionados para outros Terminais na região”, sustenta a PSA Sines em comunicado lembrando ser essencial “alcançar um acordo final para uma nova fase de expansão do Terminal XXI”.
A empresa recorda que “o acordo final terá de ser suportado num ambiente positivo e de estabilidade que possa atrair e sustentar o regresso dos movimentos perdidos, bem como de clientes e serviços adicionais que possam lançar o Terminal XXI para uma posição de destaque nos Portos Europeus”