Trabalhadores do complexo industrial de Sines vão realizar marcha pelo emprego e alertar para “calamidade social”
Escrito por Helga Nobre em 4 de Maio, 2020
Os trabalhadores do complexo industrial de Sines vão manifestar-se no próximo dia 21 de maio, numa marcha pela defesa do emprego e contra o trabalho precário, foi hoje anunciado.
A ação foi aprovada esta segunda-feira num plenário de trabalhadores, convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), que se realizou no jardim das Descobertas, em Sines.
O sindicato está contra o aumento do número de despedimentos na região, o fim da precariedade e defende o emprego e o direito ao subsídio de desemprego para os trabalhadores do setor da metalúrgico.
“Estão centenas de trabalhadores do complexo industrial no desemprego e muitos até sem receberem qualquer tipo de retribuição, isto vai afetar todo o pequeno comércio aqui no litoral alentejano e é preciso as entidades competentes tomarem medidas para colmatar esta situação de calamidade social, porque as pessoas vão chegar a uma altura que nem dinheiro têm para comer”, sublinhou Pedro Carvalho, dirigente do SITE-Sul.
Entre “a espada e a parede” é como se sente Mário Mestre, soldador há mais de 20 anos, recentemente despedido das funções que desempenhava nas Minas de Neves Corvo, em Castro Verde, juntamente com “mais de mil trabalhadores”, e sem direito a subsídio de desemprego.
“Não sei como vou sobreviver daqui a um mês ou dois. Quem trabalha à hora consegue amealhar algum porque trabalham no estrangeiro e aguentar três, quatro ou cinco anos mas não sei como é que isto vai ser”, lamentou.
Desde os 20 anos a trabalhar no setor metalúrgico, Mário Mestre, conta que sempre foi precário “a trabalhar à hora sem fazer descontos legais”.
“O patrão só quer que a gente aceite um salário minimo para termos poucos descontos e nunca descontei porque as entidades patronais querem que a gente pague a nossa parte (11%) e a parte deles (23%)” refere o soldador de 54 anos que pede o apoio da população e do comércio local.
“São trabalhos precários em que somos avisados à hora de almoço que vamos ser dispensados sem motivos nenhuns e no dia seguinte já não temos trabalho. Queria apelar para a população de Sines intervir nesta situação, porque temos famílias para sustentar e o comércio local devia estar sensibilizado e dar apoio porque se não houver dinheiro não há dinheiro para gastar”, frisou.
Por estas razões, o sindicato, agendou uma marcha pelo emprego, pelas ruas de Sines, no próximo dia 21 de maio, a partir das 17:30.