Sindicato preocupado com “problemas sociais graves” da cessação de produção da central de Sines em 2023
Escrito por Helga Nobre em 28 de Outubro, 2019
O Sindicato das Indústrias, Energias e Águas de Portugal (SIEAP), está preocupado com os “problemas sociais graves” que a cessação da produção da Central a carvão de Sines, em 2023, poderá causar na região e anunciou que vai pedir esclarecimentos ao Governo.
Em comunicado, o SIEAP, diz que concorda com a descarbonização da economia mas opõe-se a “que sejam criados outros problemas sociais graves sobre os trabalhadores e suas famílias”.
“Causa-nos muita estranheza o anúncio do primeiro-ministro sem que que, anteriormente, tenham sido contactados os trabalhadores e, sem terem atenção ao impacto social que vai causar nesta área geográfica do país”, afirmou à rádio M24, Cláudio Santiago, do sindicato das Industrias, Energias e Águas de Portugal.
Defendendo que “a melhoria do ambiente é compatível com a melhoria da vida de todas as pessoas”, o sindicato, que está preocupado com os “direitos dos trabalhadores da EDP e das empresas subcontratadas”, diz que vai trabalhar para “tentar mitigar os impactos que vão resultar desta intenção do Governo” de cessar a produção da Central Termoelétrica de Sines.
“Já acompanhámos alguns fechos de centrais da EDP ao longo do tempo e os seus efeitos foram sempre mitigados, desde que feitos com antecedência e acompanhamento corretos. No caso da central de Sines, pelo grande número de trabalhadores subcontratados que ali prestam serviço, muda o âmbito que habitualmente temos observado”, refere.
Segundo o dirigente da estrutura nacional do SIEAP, que estranha o silêncio da EDP Produção, a decisão vai afetar sobretudo os trabalhadores das empresas subcontratadas, uma vez que, no caso dos trabalhadores da EDP “não estamos a falar do desemprego mas sim de uma recolocação”.
“Em relação aos trabalhadores das empresas prestadoras de serviço, estamos a falar de facto em desemprego e com o impacto que vai ter na vida destes trabalhadores, a maioria muito jovens e com algumas qualificações que podem ser reconvertidos e que, certamente, vai ter impacto na área dos concelhos de Sines e de Santiago do Cacém”, frisou.
Para o sindicato mais representativo dos trabalhadores da central de Sines, o anúncio desta decisão “sem ouvir todas as partes envolvidas poderá não ser um bom indicador” e, por isso, vai exigir reuniões com o Ministro do Ambiente, a Ministra do Trabalho, a Comissão de Economia do Parlamento e com a EDP Produção.
“Queremos falar com os intervenientes neste processo, fazer o papel que deveriam ter feito anteriormente, falando com os trabalhadores, e saber qual é a posição oficial do Governo e o que é que mudou desde as últimas reuniões com o secretário de Estado da Energia, João Galamba, para este acelerar de datas que nunca nos foi transmitido”, concluiu.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou no sábado que o seu novo Governo está preparado para encerrar a central termoelétrica do Pego no final de 2021 e fazer cessar a produção da central de Sines em setembro de 2023.