Protocolo entre IPMA e DGCP para recuperar e inventariar património subaquático do alentejo litoral
Escrito por Helga Nobre em 19 de Agosto, 2020
O património cultural subaquático do alentejo litoral vai ser recuperado e inventariado após um protocolo de colaboração assinado entre a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O protocolo de colaboração, assinado no passado dia 07 de agosto, vai permitir desenvolver “um sistema de informação geográfico que suporte processos de decisão e gestão do património cultural subaquático, o registo, análise e inventariação” dos sítios arqueológicos do litoral alentejano.
De acordo com o IPMA, em comunicado, o projeto intitulado “Um Mergulho na História”, vencedor do Orçamento Participativo Portugal (OPP) 2018, vai permitir caracterizar, num período de 24 meses, os vestígios arqueológicos relacionados com o património cultural náutico e subaquático e criar conteúdos em formato digital, recorrendo à realidade aumentada e virtual.
“A promoção do envolvimento das populações locais na temática da arqueologia náutica e subaquática como um valor cultural e a formação do treino em arqueologia náutica e subaquática a alunos do ensino superior”, são outros dos objetivos do protocolo.
O projeto “Um mergulho na História”, no valor de 300 mil euros, vencedor do OPP em 2018, na área da cultura, foi proposto por uma equipa multidisciplinar de arqueólogos subaquáticos, historiadores, engenheiros, biólogos, estudantes e voluntários, que pretendem desenvolver uma carta arqueológica subaquática integrada da costa do alentejo litoral.
Segundo os promotores do projeto, a carta vai permitir “registar naufrágios por regiões, com análise crítica, com os sítios inventariados a serem analisados e catalogados em relação à sua relevância, estabilidade, ameaças, custos de monitorização, registo ou intervenção”.
“De moedas em ouro a canhões em ferro, de lingotes de prata a astrolábios em bronze, de pratos em estanho a navios em carvalho português, dos ossos dos marinheiros quinhentistas à tradição oral das gentes do mar, tudo isto está no fundo do mar português e na memória do nosso povo”, descrevem.
Utilizando “tecnologia portuguesa” para “encontrar e resgatar das profundezas esses vestígios até agora esquecidos”, os responsáveis propõem “promover uma investigação científica rigorosa que localize, inventarie e coloque esses naufrágios até agora perdidos ao alcance de todos os cidadãos”.
A carta arqueológica subaquática será partilhada com a Marinha Portuguesa, a Polícia Judiciária, os serviços dos Ministérios da Cultura e do Mar e as autarquias de Alcácer do Sal, Grândola e Sines, no distrito de Setúbal, concluem.