Primeiro-ministro anuncia encerramento da central de Sines em 2023
Escrito por Helga Nobre em 26 de Outubro, 2019
O Governo, que tomou hoje posse, está preparado para fazer cessar a produção da central termoelétrica de Sines em setembro de 2023, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.
Durante a cerimónia de tomada de posse, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, disse estar “em condições de anunciar” que o Governo “irá cessar totalmente em setembro de 2023 a produção da central de Sines” assim que “garantidas condições de perfeita segurança de abastecimento”.
O primeiro-ministro, que assegurou ainda a antecipação do encerramento da central termoelétrica do Pego para o final de 2021, adiantou que esta decisão avança “após a conclusão das barragens do Alto Tâmega e de uma nova linha de alta tensão que abasteça o Algarve, já planeada e prevista para meados de 2022, e que permitirá iniciar o encerramento faseado de Sines”.
A associação ambientalista Zero já aplaudiu a decisão do Governo e defendeu, em comunicado, que o final faseado – a central do Pego até 2021 e a de Sines até 2023 – é “uma grande vitória para o ambiente e para o clima”.
A Zero “considera que esta é uma oportunidade única para Portugal reduzir significativamente as suas emissões de carbono, dado que é possível assegurar todas as condições técnicas e económicas para encerrar as duas centrais termoelétricas a carvão e assegurar o fornecimento de eletricidade em Portugal continental a um preço mais reduzido e com menores impactos ambientais”.
A associação Sistema Terrestre Sustentável defende ainda que “não deve ser atribuída qualquer compensação aos operadores destas centrais pelo seu encerramento”.
“A Central de Sines atingiu em 2017 o fim do período de operação previsto nos contratos CAE (Contratos de Aquisição de Energia) e CMEC (Custos de Manutenção de Equilíbrio Contratual), através dos quais foram obtidos proveitos financeiros e o financiamento dos investimentos para reduzir o seu impacte ambiental”, acrescenta.
Sobre o impacto que o encerramento das centrais poderá causar ao nível da empregabilidade, a Zero entende que o calendário previsto permite uma reconversão profissional
“No total estima-se que o número de trabalhadores afetados atinja os 650, dos quais 350 em Sines, 200 no Pego e 100 no porto de carvão. Por outro lado, só no domínio do solar fotovoltaico prevê-se a criação de pelo menos 20 mil postos de trabalho nos próximos 10 anos no país, constituindo-se assim numa oportunidade de formação e reconversão profissional dos trabalhadores em causa, nomeadamente no domínio das energias renováveis, mas também da eficiência energética. Cabe ainda referir que um número significativo de trabalhadores se aposentará até 2023”, sustenta.