Porto de Sines quer retomar “ciclo de crescimento” em 2020
Escrito por Helga Nobre em 16 de Janeiro, 2020
O presidente da administração dos portos de Sines e do Algarve (APS) quer retomar “o ciclo de crescimento” e alcançar “os dois dígitos na carga contentorizada” em 2020.
“O ano de 2020 vai ser muito importante para o porto de Sines porque vamos retomar o ciclo de crescimento de anos anteriores e, mesmo na carga contentorizada, acredito que vamos continuar a ter um crescimento de dois dígitos já este ano”, avançou o administrador portuário.
José Luís Cacho falava hoje aos jornalistas durante um encontro para fazer o balanço do último ano de atividade do porto de Sines, que, em 2019, sofreu “um decréscimo de cerca de 12 por cento” na movimentação geral.
“Foi um ano de ajustamento porque Sines foi o porto que mais cresceu na Europa nos últimos cinco a seis anos e, este ano [2019], fruto de um problema estrutural relacionado com a descabornização da economia, o porto no seu todo teve perdas significativas de movimento”, realçou.
No último ano, o porto de Sines, registou “um decréscimo de cerca de 12% no seu todo”, assim como “um decréscimo significativo na carga contentorizada”, em grande parte, devido “a renegociação do contrato [com a PSA], à negociação salarial com os trabalhadores, a um pequeno derrame e a problemas operacionais do terminal” de contentores.
“No entanto continuamos a ser o porto mais importante na movimentação da carga contentorizada”, ressalvou.
A aposta do Governo na descarbonização da economia teve igualmente efeitos na atividade do porto de Sines, destacou José Luís Cacho, com perdas relacionadas com as cargas energéticas “que têm uma componente importante na sustentabilidade financeira” do porto alentejano.
“Temos um problema estrutural relacionado com a descarbonização da economia com perdas, em 2019 e nos próximos anos, nas cargas relacionadas com energia. E o porto, naturalmente, no seu todo, tem perdas significativas de movimento ligadas a este processo de descarbonização”, frisou.
Em termos de movimento, o administrador, prevê que o crescimento dos contentores “vai assegurar a sustentabilidade futura” do porto de Sines mas diz ser importante atrair novas oportunidades de negócio para “a viabilização do terminal de granéis sólidos”.
“O Terminal Multipurpose é importante, os granéis são importantes para a economia e estamos à procura de novas oportunidades, com a aicep Global Parques, para captar novos investimentos nos segmentos do agro-alimentar, matérias-primas como o minério e outros segmentos como o “ro-ro””, adiantou.
O administrador destacou ainda que, em 2019, foram concretizados “os objetivos principais da atual gestão”, com a assinatura do contrato de ampliação do Terminal XXI, com a PSA, “que garante a sustentabilidade futura do porto” de Sines e o lançamento do concurso internacional do novo terminal Vasco da Gama.
“Conseguimos, de certa forma, assegurar o crescimento do porto e a sua sustentabilidade futura com este dois projetos”, sublinhou.
Quanto aos investimentos privados, como a requalificação do ramal ferroviário, um investimento de 8,4 milhões de euros, o presidente da APS, acrescentou que “a obra está em curso e a decorrer dentro da calendarização prevista” e poderá estar concluída “durante o verão”.
Já o prolongamento do molhe leste em 750 metros, no valor de 75 milhões de euros, “está com um ligeiro atraso” devido “a contestação das propostas das empresas”.
“Aguardamos a decisão do tribunal para iniciar mas é um projeto cuja calendarização se mantém e esperamos que avance o mais rápido possível para concluir [a expansão] em 2023, tal como previsto”, concluiu.