Plano Estratégico do Porto de Sines quer capturar quota das cargas ibéricas e expandir atividade logística e industrial
Escrito por Helga Nobre em 30 de Setembro, 2020
O Porto de Sines quer capturar três por cento da quota das cargas ibéricas, expandir a atividade logística e industrial, e liderar a satisfação dos stakeholders, no âmbito do plano estratégico 2020-2030, apresentado hoje oficialmente.
As metas definidas pela administração portuária, foram divulgadas hoje numa sessão pública, em Sines, com a presença do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
O Plano Estratégico do Porto de Sines, elaborado pela Universidade Católica do Porto, tem como principais eixos o reforço da centralidade e da conectividade, a criação de um modelo de gestão de rede ou de coordenação do sistema e um compromisso firme com a sustentabilidade ambiental e social.
Álvaro Nascimento, coordenador do projeto, defendeu que o Porto de Sines deve ser uma estrutura dinâmica “capaz de aportar competitividade às empresas e ao território e aportar desenvolvimento económico e social”.
“Sines pode-se afirmar como um sistema multi-portuário ibérico, eficiente e dinâmico, capaz de aportar a competitividade que é necessária ao país e, sobretudo, contribuir para o seu desenvolvimento”, apontou.
No entender do responsável, é importante que Sines se torne “num porto de referência da península ibérica”, fazendo com que “tenha uma presença mais forte no seu hinterland ibérico”.
“Deve ser capaz de capitalizar todas as oportunidades que o hinterland mais próximo oferece, de forma a que o porto seja um agente ativo na promoção da centralidade que a ZILS (Zona Industrial e Logística de Sines) e a ZALS (Zona de Atividades Logísticas de Sines) têm através do porto”.
Durante a cerimónia, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, disse querer “usar o Porto de Sines como um instrumento de desenvolvimento económico e industrial do país” e para tal “o Estado tem um papel muito importante e decisivo para conseguir que novos setores se desenvolvam em Portugal, e já agora em Sines”, referindo-se à estratégia nacional do hidrogénio.
“Não é por acaso que aqueles que estão na Europa, em primeiro lugar, a apostar no hidrogénio, como é o caso da Holanda, olharam para Portugal. Ainda a semana passada foi assinado um memorando de entendimento para criarmos uma rota de exportação de hidrogénio entre Portugal e Roterdão”, disse.
Esta estratégia, acrescentou, “não é só para transportar hidrogénio” mas também para captar e fixar “um conjunto de atividades industriais e tecnológicas” que se “possam instalar perto do Porto de Sines”.
“É assim que se desenvolve um país, é assim que se desenvolve indústria e aquilo que queremos em Sines é industria”, realçou.
Para José Luís Cacho, presidente da administração do Porto de Sines, “as opções em aberto para o futuro e a definição de prioridades têm de fazer parte integrante de um plano estratégico que vise a diversificação da atividade, a captação de novos mercados, a digitalização e a descarbonização”.
“O futuro passará pelo reforço do Gás Natural, enquanto combustível de transição, pelo hidrogénio, por um setor marítimo-portuário mais limpo, sustentável, eficiente e inovador”, sublinhou.
Tiago Lopes Paulo, quadro da APS, e um dos responsáveis pela estratégia, traçou como metas para os próximos três anos “alcançar uma quota de 3% no total das cargas ibéricas associadas ao comércio externo (importação/ exportação), excluindo os produtos do segmento energético e as operações de transhipment”, expandir a atividade da ZILS e ZALS “com o aumento de 40% do volume de carga com origem e destino” nestas áreas e liderar a satisfação dos stakeholders.
O plano inclui ainda oito programas operacionais que incluem o mapeamento de corredores e plataformas logísticas, a atração de carregadores ibéricos, atração de investidores para ZILS e ZAL, sustentabilidade ambiental, reforço da competência governativa da APS, reorganização interna e incentivo, digitalização da logística portuária e garantia de receita e rentabilidade.