PJ desmantela rede de tráfico de droga por via marítima
Escrito por Helga Nobre em 3 de Dezembro, 2019
A Polícia Judiciária (PJ) anunciou hoje ter concluído e remetido para o Ministério Público, com proposta de dedução de acusação, uma investigação que conduziu ao desmantelamento de uma rede criminosa a atuar a partir de Portugal que se dedicava à introdução, por via marítima, através de contentores, de consideráveis quantidades de cocaína no continente europeu.
De acordo com a PJ, esta organização criminosa, “que vinha desenvolvendo as suas atividades ilícitas pelos menos desde o ano de 2015, conseguia retirar quantidades significativas de droga num porto marítimo nacional do interior de contentores antes de os mesmos serem inspecionados pelas autoridades competentes, droga essa que havia sido previamente colocada nesses contentores em portos da América Latina depois de serem controlados pelas autoridades locais”.
Na sequência da investigação, a cargo da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), foi possível recolher “abundantes elementos probatórios que permitiram imputar aos arguidos, seis homens e uma mulher, a prática de diversos tipos de crimes”, nomeadamente “tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa, branqueamento de capitais, corrupção ativa, falsificação de documentos e posse de armas proibidas”.
Entre os arguidos, adianta a PJ, encontram-se dois profissionais liberais que tinham por função principal prestar assessoria para branqueamento dos proventos resultantes da atividade criminosa.
“Este ‘modus operandi’, já bem conhecido da Polícia Judiciária e designado na gíria policial por ‘rip-on/rip-off’, implica o envolvimento de trabalhadores portuários nos portos de origem e de destino”, sendo que o expedidor e destinatário da mercadoria legítima que está a ser transportada no interior dos contentores “são completamente alheios ao transporte de droga”.
“No decurso da investigação e com o apoio do Gabinete de Recuperação de Ativos que funciona junto da Polícia Judiciária, foi possível identificar e depois apreender um total de vinte e dois imóveis com o valor comercial global de vários milhões de euros que haviam sido adquiridos com os proventos resultantes do tráfico de estupefacientes e cuja propriedade se encontrava formalmente registada a favor de uma sociedade comercial com sede num país africano que também foi constituída como arguida”, acrescenta a Policia Judiciária.
Para além dos imóveis, procedeu-se, ainda, à apreensão de 165.000,00 euros em numerário, diversas armas de fogo, automóveis, computadores, telemóveis e diversa documentação.