Odemira e Aljezur pedem esclarecimentos ao Governo sobre suspensão da direção da ABMira

Os municípios de Odemira e Aljezur pediram esclarecimentos ao Governo sobre a suspensão da direção eleita da Associação de Beneficiários (AB) do Mira e a nomeação de uma comissão administrativa, foi hoje divulgado.

Em comunicado, as duas autarquias abrangidas pelo Perímetro de Rega do Mira, revelaram ter solicitado uma reunião urgente com a ministra da Agricultura e Pescas, Maria do Céu Antunes, que se realizou na passada quarta-feira.

No encontro “foram discutidas preocupações e dúvidas surgidas por força de uma decisão” do ministério da Agricultura que, no entender dos dois municípios, “devem ser explicadas aos cidadãos deste território”.

Entre elas, a decisão de nomear uma comissão administrativa em substituição da direção eleita da ABMira que, segundo o Governo, “teve por base a necessidade de garantir a boa conclusão da campanha de rega de 2023 e a adequada preparação da campanha de rega de 2024”.

“Esta decisão pretende garantir a execução dos investimentos, previstos e acordados no pacto assinado para a gestão sustentável da água”, lê-se na nota.

O Governo garantiu também aos autarcas que as pastagens permanentes “são consideradas culturas prioritárias” e que “serão promovidas medidas de poupança voluntária de água na campanha de rega de 2023”.

“Seja porque não se regue e/ou porque se utiliza menos água do que aquela que está estabelecida, não se constituindo como perda de direitos na campanha de rega de 2024”, especificou.

No comunicado, os municípios de Odemira e Aljezur dizem ainda que a ministra da Agricultura reforçou que a comissão administrativa “tem um cariz temporário e que o mais breve possível, serão realizadas eleições para os novos corpos sociais”.

“Será convocada Assembleia Geral da ABM para que a Comissão Administrativa possa esclarecer e responder a todas as dúvidas e preocupações dos regantes do Perímetro de Rega do Mira”, sustentam.

Para os autarcas socialistas, “independentemente de não se concordar com a decisão tomada de suspensão da direção da ABM, este é um momento onde deve prevalecer o diálogo, a calma e o bom senso”.

Considerando que “neste contexto de forte restrição de água, todas as decisões são difíceis”, os autarcas remetem para uma futura Assembleia Geral da ABM explicações que “possam contribuir para que volte a existir confiança no futuro”.

“Sentimos que a Senhora Ministra da Agricultura e Alimentação está empenhada no esclarecimento, direto aos regantes, das suas razões e é por isso que aguardamos com a máxima brevidade que a situação impõe”, concluem.

Servido pela barragem de Santa Clara, no concelho de Odemira, o Aproveitamento Hidroagrícola do Mira abrange uma área de 12.000 hectares neste município e no de Aljezur.