Mostra de Artes de Rua de Sines despede-se com mais público e vontade de desafiar o espaço urbano
Escrito por Helga Nobre em 23 de Setembro, 2024
A Mostra de Artes de Rua (M.A.R.) que encerrou, no último domingo, na avenida Vasco da Gama, em Sines, com uma parada de criaturas animadas, pelo grupo de circo/teatro Tiritirantes, cresceu, este ano, em termos de público, revelou a diretora e encenadora, Julieta Aurora Santos.
De acordo com a encenadora do Teatro do Mar, a mostra “está a crescer” e, apesar da ajuda do São Pedro, este ano, houve “mais gente na rua” para assistir às diferentes propostas artísticas.
“Creio que a M.A.R. está a crescer, há mais público, há mais gente na rua e eu espero que cresça um bocadinho mais a esse nível, que as pessoas aprendam mais sobre a mostra e saiam [à rua], fazendo justificar este trabalho todo que temos, mas que fazemos com muito prazer”, disse a encenadora do Teatro do Mar, Julieta Aurora Santos.
Este ano, a M.A.R. ofereceu ao público, durante três dias, cerca de 30 apresentações de 21 projetos artísticos em representação de 10 países, com espetáculos de circo, instalação, teatro físico, dança, música, ‘site specific’ e jogos interativos.
Segundo Julieta Aurora Santos, o programa, que tem sempre “um fio condutor”, procura partilhar com o público “as linguagens do corpo”, deixando “o teatro de texto para as salas”.
Embora “as artes de rua contemporânea já tenham muito mais disciplinas, dentro das artes performativas encontramos essencialmente a dança, o circo, o teatro físico e as formas animadas porque são linguagens do corpo e são linguagens universais, toda a gente consegue entender”, vincou.
“O teatro de texto é para as salas, não é para a rua, na rua a palavra perde-se e ganhasse outras coisas”, acrescentou Julieta Aurora Santos, num balanço da edição deste ano..
Apesar do sucesso da iniciativa, que já vai na 6.ª edição, a M.A.R continua a desafiar o espaço público de Sines.
“Normalmente todos os anos há um fio condutor para o tipo de programação que faço, mas é muito difícil o espaço público em Sines”, frisou a encenadora que insiste na necessidade de a “cidade viver a M.A.R”.
O melhor espaço “de todos é a avenida [Vasco da Gama], mas não poderia concentrar o festival nesta zona porque a cidade não viveria a M.A.R da mesma maneira, por ser muito importante que a mostra aconteça nas ruas”, defendeu.
“O problema é que [a cidade] não tem espaços, praças com chão liso, onde caibam espetáculos e público suficientes, mas penso que essa é uma questão que pode evoluir de alguma maneira”, concluiu.