Metade da população portuguesa revela níveis baixos de literacia em saúde – SPLS
Escrito por Helga Nobre em 10 de Novembro, 2022
A presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS), Cristina Vaz de Almeida, disse hoje que metade da população portuguesa tem um baixo nível de literacia em saúde, embora a situação esteja a melhorar.
“50% das pessoas em Portugal têm uma baixa literacia em saúde, apesar de estar a melhorar”, revelou a responsável que participou, esta quinta-feira, numa mesa-redonda, no âmbito da Semana da Qualidade promovida pela Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA).
Em declarações à rádio M24, Cristina Vaz de Almeida revelou que estes indicadores “não surpreendem”, uma vez que também, a nível europeu, “50% da população tem baixos níveis de literacia em saúde”.
“Não estamos longe da Europa, estamos na mesma média. Há só um país onde há uma inversão, a Holanda, onde à medida que a idade avança a literacia sobe, ao contrário da maior parte da Europa onde a população mais velha vai perdendo as suas competências e capacidades”, afirmou.
Em Portugal, assiste-se “a uma dinâmica enorme por parte das organizações, profissionais de saúde e associações de doentes” em relação a esta temática e, apesar, “de parecer teórico estamos a ver uma série de projetos muito reais que vão buscar os modelos e as estratégias de intervenção para aplicar na prática”, indicou.
“Aquilo que queremos é melhorar o acesso à saúde, a compreensão da saúde e o uso dos recursos”, frisou a responsável, considerando ser importante que “a bula dos medicamentos seja compreensível” que “o consentimento informado” seja “mais facilitado” e que “a informação em saúde” seja “menos complexa”.
E por outro lado, “capacitar os profissionais para que possam ter uma linguagem mais acessível para os seus utentes e estes utentes também serem capacitados a tomarem decisões mais conscientes”, acrescentou.
No seu entender é preciso trabalhar “na acessibilidade da linguagem, no acesso aos recursos de saúde, na compreensão, no trabalho pela compreensão, na segmentação da população de uma forma adequada, no uso dos recursos e na navegabilidade que o paciente faz no sistema” de saúde.
“Temos visto projetos de intervenção comunitária muito interessantes, com modelos e estratégias de literacia em saúde em que há uma integração de cuidados de saúde entre o hospital, as unidades de saúde e as coletividades”, salientou.
A responsável adiantou ainda que a questão dos migrantes “é outros dos desafios” da SPLS que tem vindo a realizar “mini assembleias” para “dar voz às pessoas em relação às suas necessidades de saúde” tendo sido propostas e votadas soluções para a população migrante.
“Uma delas é um cartão de utente provisório para a pessoa poder aceder ao centro de saúde apesar da sua situação irregular” e, à semelhança da Linha Saúde24, ser criada a “Linha 25 em que, nas várias línguas, se possa fazer a triagem e ajudar esta população migrante que muitas vezes tem dificuldade até de se movimentar, mas não se importa de telefonar para tratar da sua saúde”, concluiu.