Greve climática estudantil convoca protestos com agenda alargada a problemas sociais
Escrito por Helga Nobre em 24 de Setembro, 2021
O movimento ambientalista Fridays for Future convocou para hoje uma nova greve climática estudantil com agenda alargada a outros problemas sociais, com mais de 1.500 ações em vários pontos do mundo, incluindo protestos em 14 localidades portuguesas, entre elas Sines.
Os jovens reclamam “planos concretos” contra a crise climática, que o movimento equipara a “outras crises socioeconómicas como o racismo, o sexismo, a discriminação de deficientes e desigualdade de classe” e que relaciona com os problemas ambientais.
Em Sines, a concentração está marcada para as 18:00 no jardim das Descobertas.
Esta é a oitava manifestação convocada pelos estudantes portugueses em nome da justiça climática. O dia será marcado por mais de 1.200 manifestações no mundo inteiro, “desta vez com ainda maior foco na justiça social e na urgência de uma transição justa para todas as pessoas”, refere Bernardo Ribeiro porta-voz da manifestação em Sines.
“Sabemos que a crise climática não afeta todas as pessoas da mesma forma, como todas as outras, afeta sempre primeiro e em maior intensidade os sectores populacionais mais fragilizados, aumentando as desigualdades já existentes.”, argumenta o ativista, citado num comunicado.
A ativista sueca Greta Thunberg, que impulsionou o movimento em 2018 ao faltar durante várias semanas às aulas para protestar contra a falta de ação climática em frente ao parlamento sueco, participará na manifestação marcada para esta manhã na capital alemã, Berlim.
No manifesto internacional criado para sustentar a greve, o movimento culpa “a elite do Norte Global” pela “destruição das terras dos ‘Povos e Áreas Mais Afetados’ através do colonialismo, imperialismo, injustiças sistémicas e ganância cruel que acabou por causar o aquecimento do planeta”.
É esse “Norte Global” que é “responsável por cerca de 92% das emissões em excesso”, refere o “Fridays for Future”, que considera que a maior parte dos roteiros para a neutralidade carbónica pecam por implicar “efeitos secundários arriscados para as populações locais”, como a perda de território para as florestas que se pretende plantar.
Entre as medidas reclamadas pelo Fridays for Future estão “reparações climáticas antirracistas”, o cancelamento de dívidas decorrentes de fenómenos climáticos extremos e “fundos de adaptação” que sirvam as comunidades.