Deputados do PS e PSD/CDS-PP abandonam reunião da Assembleia Municipal de Santiago do Cacém
Escrito por Helga Nobre em 30 de Junho, 2020
Os deputados municipais do PS, PSD/CDS-PP abandonaram, em bloco, a reunião da Assembleia Municipal de Santiago do Cacém, na sexta-feira, em protesto pela recusa da maioria da CDU em concluir a sessão e agendar uma nova data para continuação dos trabalhos.
Os deputados da oposição “entenderam não ter condições para continuar nesta assembleia, dado o adiantado da hora e as condições existentes na sala. Não nos é permitido continuar na sala, por termos um número elevado de pessoas a respirar o mesmo ar, não temos álcool gel na sala para fazer a desinfeção permanente das mãos e por não termos as condições de trabalho”, denunciou Susana Pádua, deputada municipal e presidente da concelhia de Santiago do Cacém do PS.
Num vídeo publicado na rede social facebook, às 00:40, a deputada municipal, acompanhada por Manuel Mourão, líder da bancada socialista na Assembleia Municipal, que se realizou no Auditório Municipal António Chainho (AMAC), disse não existirem condições para os deputados permanecerem na sala e concluírem os trabalhos.
“Não temos possibilidade de [acesso] a uma secretária e a um computador e inclusive ter de colocar toda a documentação no chão e não tendo como fazer a higienização das mãos. Ainda tivemos alguma complacência devido à situação em que vivemos só que com este adiantar da hora decidimos não continuar mais na sala, ao contrário da CDU que decidiu continuar a discutir os trabalhos”, avança Susana Pádua.
Além de repudiar esta situação, o PS, diz que vai analisar a possibilidade de impugnar as decisões tomadas na Assembleia Municipal de Santiago do Cacém.
“Vai haver a possibilidade de impugnar as decisões que são tomadas ao nível da assembleia porque o regimento não possibilita que haja o adiamento de mais de 30 minutos, como foi proposto pelo presidente da AM, chegado à meia-noite, espera-se mais 30 minutos, e agora vão ser votados documentos importantes só pela CDU porque os representantes das outras bancadas abandonaram a assembleia”, reforçou o líder da bancada socialista, Manuel Mourão.
No vídeo, a “atitude pouco democrática” dos eleitos da CDU é ainda criticada pela deputada Susana Pádua lembrando que foi apresentada uma proposta de uma sala que reúna condições para os membros da assembleia.
“Não é só agora, durante a pandemia que estamos a viver, que temos falta de condições. No salão nobre ainda é pior do que aqui”, acrescentaram.
Num outro vídeo, também publicado no facebook, Rui Beles Vieira, deputado municipal do Bloco de Esquerda (BE), confirmou a falta de condições no auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém, para a realização da sessão.
Foram “4 horas de confinamento dentro daquela sala em que tive de me distanciar porque as fichas para o computador estão na parede, com deputados e deputadas com os documentos pelo chão, sem terem onde os colocar. Tinha o portátil de um lado, estava a aceder a informação do outro e a tentar organizar-me no meio da papelada e dos documentos que íamos consultando, a sala não tem condições para se trabalhar com a necessidade de recorrer a determinados meios informáticos”, criticou.
Segundo o eleito do Bloco de Esquerda, “havia pessoas há quase 4 horas com a máscara na cara, com dificuldades respiratórias, a precisar de ar fresco e foi feita a proposta para continuar os trabalhos num outro dia. A presidente da AM estava de acordo com a proposta, votámos todos a favor menos a CDU”.
“Não houve qualquer solidariedade por parte da bancada da CDU para quem estava nessas condições, incluindo a dificuldade visível da presidente da Assembleia Municipal e dos deputados presentes “, relatou.
O deputado do Bloco de Esquerda, que “permaneceu na sala”, diz “estar totalmente solidário” com as restantes bancadas que abandonaram os trabalhos e critica “a democracia interna” na Assembleia Municipal de Santiago do Cacém.
Contactada pela rádio M24 a presidente da Assembleia Municipal de Santiago do Cacém, Paula Lopes, reconheceu que a sessão “já ía longa” e que as “condições já não estavam a ser as ideiais” para continuar com a reunião que por ter perdido os 2/3 dos deputados foi reagendada para a próxima quinta-feira.
“Realmente achei que deveríamos terminar por ali a assembleia. Nem toda a gente teve essa opinião e, na verdade, para continuar a assembleia temos de ter 2/3, não tínhamos e portanto já reagendei novamente a assembleia e para a próxima quinta-feira e irá decorrer tudo bem, será mais rápido e tudo será feito dentro da legalidade”, frisou.
De acordo com a presidente da Assembleia Municipal, há condições que “têm de ser faladas”, como a documentação “que tem de estar no chão” e os computadores “no colo” dos deputados e para garantir o distanciamento “se calhar a partir de determinada hora não é comportável realizar” a assembleia no auditório do AMAC.