COVID-19: Filarmónicas de Santiago do Cacém e Sines com atividade paralisada
Escrito por Helga Nobre em 16 de Abril, 2020
A filarmónicas dos concelhos de Santiago do Cacém e de Sines estão a atravessar momentos difíceis, devido à pandemia de covid-19, com a atividade paralisada e a adaptação a uma nova realidade.
“A nossa atividade está paralisada, embora, continue a haver trabalho individual, cada um em sua casa, mas não ensaios de grupo, nem aulas presenciais dos alunos, não é de todo suficiente para realizar o trabalho que estava a ser desenvolvido”, afirmou à rádio M24 Rui Garvão, presidente da Sociedade Recreativa Filarmónica União Artística (SRFUA) de Santiago do Cacém.
A atravessar um processo de reestruturação e “inovação”, a SRFUA, foi obrigada a cancelar muitas das atividades planeadas, através da Escola de Música, para os próximos meses.
“Estamos a trabalhar em alguns projetos, no âmbito da nossa Escola da Música porque a Filarmónica já está bastante debilitada e a apostar na renovação dos nossos músicos, que já têm uma idade avançada, e todas essas atividades que tínhamos preparadas ao longo deste ano estão suspensas, muitas delas baseavam-se na interação com as escolas do concelho, e não sabemos quando é que vamos regressar”, adiantou.
A nova realidade, causada pela pandemia de covid-19, implica igualmente uma adaptação a uma nova realidade, entre elas o teletrabalho e as aulas à distância.
“Já estamos a fazer algumas coisas através das aulas à distância mas em trabalhos de grupo é impossível porque não há software e por causa do ‘delay’ para os ensaios de grupo. Além de uma equipa pequena não termos equipamentos para realizar esse tipo de trabalho”, acrescentou.
Com 20 elementos na Banda da SRFUA e perto de 30 alunos da Escola da Música, Rui Garvão, recorda que a situação financeira “está mais ou menos estabilizada”.
“Não conseguimos fazer a Assembleia para aprovar o Relatório de Contas e o Plano de Atividades, marcada para março. Vamos ver se conseguimos aguentar até ao final do ano mas daí para frente não sei”, concluiu.
Sociedade Musical União Recreio e Sport Sineense vai assinalar aniversário “em casa”
O cenário é transversal a todas as coletividades e a Banda Filarmónica da Sociedade Musical União Recreio e Sport Sineense (SMURSS) não é exceção a viver, por estes dias, momentos complicados, explicou Ana Dias Correia, presidente da sociedade.
“A atividade está paralisada desde o dia 14 de março, quando tomámos a decisão de parar os ensaios da Filarmónica e desde então nunca mais nos voltámos a encontrar. Há músicos que têm os instrumentos, vão praticando em casa, mas vai ser complicado retomar depois de muito tempo sem tocar”, disse a dirigente que aguarda o desfecho desta situação.
Desde o início da pandemia a banda, que conta com 25 elementos, já cancelou várias iniciativas e lamenta que outras datas, como o 25 de Abril e o aniversário da SMURSS, a 01 de maio, sejam “celebradas em casa”.
“Mesmo que se retomem algumas das atividades levarão algum tempo e não sei se irá ser permitido movimentos com muitas pessoas. Vai ser mediante aquilo que nos forem dizendo porque no verão temos, por exemplo as festas de Nossa Senhora das Salas, que não sabemos se vão acontecer ou não”, adiantou.
A resistir “às aulas via internet” devido às falhas do sistema, a responsável da SMURSS, que conta com cerca de 15 alunos nas aulas de formação, defende “o contacto físico e visual” entre os músicos e anseia por retomar a atividade.
“Logo que possível retomamos a atividade e os ensaios e logo que possível marcar um concerto, uma arruada e animar a cidade que parece uma cidade fantasma”, afirmou Ana Dias Correia.
Banda da Lira Cercalense vive dias complicados
Também a Banda da Lira Cercalense, no Cercal do Alentejo, vive dias complicados sem atividades, na área da formação e com a maioria dos espetáculos cancelados.
“Estamos parados, não sabemos até quando, temos muitas crianças na escola de música que está parada, os ensaios também e as saídas já anulámos. As procissões, na altura da Páscoa, já não se fizeram. As crianças não têm aulas de música e o maestro está em Lisboa e de qualquer maneira era difícil ensaiar em conjunto”, explicou à rádio M24 a presidente da Banda Lira Cercalense, Ana Teresa.
Com cerca de 15 músicos na formação e mais de uma dezena de alunos, na escola de música, a Banda da Lira Cercalense, conta com os apoios financeiros da Câmara Municipal de Santiago do Cacém e da Junta de Freguesia de Cercal do Alentejo.
“As ajudas que temos são provenientes dos subsídios da câmara e da junta de freguesia, no apoio ao maestro e nos instrumentos, que não sabemos se se vai manter, e algumas saídas, que em principio este ano já não haverão”, lamentou a dirigente.