COVID-19: Catarina Martins diz que é preciso “perseguir toda a cadeia” que lucra com exploração de mão-de-obra em Odemira
Escrito por Helga Nobre em 10 de Maio, 2021
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse hoje que é preciso “perseguir toda a cadeia que está a lucrar” com a exploração de mão-de-obra no concelho de Odemira, que considerou “absolutamente vergonhosa” para o país.
“Queremos que os administradores, os diretores e toda a cadeia que lucra com a exploração da mão-de-obra de trabalho forçado e com ataque aos direitos humanos seja toda ela responsabilizada, porque esta é a única forma de combater o que está a acontecer. Sejamos sérios, há muita gente a ganhar dinheiro para fechar os olhos ao que é feito sobre trabalho forçado em Portugal e ataque aos direitos humanos”, afirmou.
A líder bloquista, que falava aos jornalistas após uma reunião com associações de apoio aos imigrantes, que decorreu hoje em Odemira, insistiu que “os primeiros responsáveis” pela situação que o concelho de Odemira está a viver “são aqueles que lucram milhões com o sistema de produção que é do ponto de vista ambiental insustentável e que vive do trabalho forçado e de atentados aos direitos humanos”.
“Das várias empresas, desde aquelas que trazem os trabalhadores, às que têm as explorações agrícolas e fecham os olhos e abusam destes trabalhadores, aos proprietários das terras, que lucram com este negócio, são os primeiros responsáveis pelo que está a acontecer”, acusou.
No entender de Catarina Martins, “há uma responsabilização das entidades públicas que não fiscalizam o que devem fiscalizar, nem do ponto de vista local, nem do ponto de vista nacional e é absolutamente vergonhoso que não seja fiscalizado. Toda a gente sabe o que se passa e não são instaurados os devidos processos”.
Para a coordenadora bloquista, a lei de 2016, feita por intervenção do Bloco de Esquerda, ao Código de Trabalho “pode ser melhorada”.
“Acontece que [nessa lei] primeiro é preciso condenar a empresa que cometeu o crime em primeiro lugar para depois se processar o resto da cadeia. Como estas empresas, muitas vezes são empresas na hora que se esfumam no primeiro minuto, os tribunais acabam por não conseguir condenar a primeira empresa e não se condena ninguém”, reconheceu.
Por isso, o BE propõe “uma alteração à lei” que permita “processar simultaneamente as empresas que trazem os trabalhadores, as empresas que as exploram e os proprietários das terras que lucram e que os administradores, aqueles que são os beneficiários, os que ganham milhões com este abuso possam também eles ser responsabilizados”.
As entradas e saídas para trabalhar ou apoiar idosos nas freguesias de Odemira sob cerca sanitária passaram a ser permitidas a partir de sábado, mas ficam dependentes de teste negativo à covid-19.
Na quinta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo decidiu manter, devido à incidência de casos de covid-19, a cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve, em vigor desde dia 30 de abril, mas com “condições específicas de acesso ao trabalho”.