COVID-19: Bombeiros de Alvalade alertam para efeitos da pandemia na vida financeira da corporação
Escrito por Helga Nobre em 24 de Abril, 2020
O presidente da associação humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alvalade, no concelho de Santiago do Cacém, disse hoje que, no início da pandemia de covid-19, a corporação teve de adquirir os equipamentos de proteção individual (EPI), para responder a casos suspeitos.
De acordo com João Lança, em declarações à rádio M24, o Estado decretou que as suspeitas de covid teriam de ser assegurados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e pela Cruz Vermelha, mas na região o transporte desses doentes é feito pelas corporações de bombeiros que tiveram de adquirir, pelos próprios meios, os EPI.
“Esqueceram-se que no litoral alentejano não temos INEM, temos alguns corpos de bombeiros que asseguram o protocolo com o INEM onde têm ambulâncias, e a presença da Cruz Vermelha não é muito significativa, o que fez com que os bombeiros fizessem o transporte de doentes sempre que houvessem suspeitas de covid”, relatou.
O dirigente adianta que esta situação cria dificuldades “a nível financeiro” à corporação de Alvalade.
“Isso implicou algumas dificuldades a nível de equipamento e também a nível financeiro, porque todos estes equipamentos são caros e aquilo que o INEM nos vai pagar em relação a eles, é muito baixo e não vai dar para comprar sequer um fato para os bombeiros”, acrescentou.
Com 13 operacionais, a corporação não recorreu ao “lay-off” simplificado e para responder às necessidades adquiriu todo o equipamento necessário para garantir a segurança dos bombeiros.
“Felizmente conseguimos adquirir e tínhamos verba financeira para isso, e conseguimos alguns fornecedores que tinham equipamento, e em “stock” tínhamos um número suficiente de máscaras para garantir a segurança dos bombeiros, porque as entregas por parte do Estado e de alguns apoios só começaram a aparecer já a pandemia ía a meio”, revelou.
Com as corporações a dependerem financeiramente do transporte de doentes não urgentes, e com os serviços “quase parados”, o responsável receia que as quebras possam ter consequências negativas.
“Essa faturação vai baixar drasticamente durante os meses da pandemia mas isso não nos vai trazer problemas financeiros nesse período porque as entidades com quem trabalhamos com os serviços de transporte de doentes não urgentes, por norma, pagam-nos a 90 dias, o que significa que, no mês de abril, ainda estaremos a receber os meses de dezembro e janeiro em que o serviço ainda estava em pleno”, disse.
Como “não fizemos quase nada nestes meses de pandemia daqui a dois a três meses é que vamos sentir o maior problema financeiro, porque não vamos ter retorno”, concluiu.